Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Sesimbra" - 19/04/2020
O “Castelo de Sesimbra”, também referido como “Castelo dos Mouros”, localiza-se na freguesia do Castelo, concelho de Sesimbra, distrito de Setúbal, em Portugal. Ergue-se em posição dominante numa falésia, sobre uma enseada que se constitui em porto natural na península de Setúbal, entre os estuários do rio Tejo e o do rio Sado, a poucos quilômetros do cabo Espichel.
A primitiva ocupação humana deste trecho do litoral remonta à pré-história, condicionada pelos grandes estuários, pela abundância da pesca e pela fertilidade das terras. Em tempos históricos, a enseada de Sesimbra serviu de ancoradouro natural para os navegantes oriundos do mar Mediterrâneo, sucessivamente Fenícios, Gregos e Cartagineses. Posteriormente, são testemunhos da Romanização os vestígios arqueológicos, em particular ânforas, moedas e sepulturas, parte desse espólio recuperado na própria área do castelo.
Ocupado por visigodos e, posteriormente, por muçulmanos, a estes últimos é atribuída a primitiva fortificação, no século IX. À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, após a conquista de Lisboa (1147) a posse desta região oscilou entre muçulmanos e cristãos. Fracamente guarnecida, a fortificação de Sesimbra foi inicialmente tomada pelas forças de Afonso I de Portugal , que reinou de 1145 a 1185, em 21 de fevereiro de 1165, que lhe terão procedido a reparos e reforços nas defesas, e principiado a Igreja de Santa Maria do Castelo.
A conquista do Castelo de Silves (1189) pelas forças de Sancho I de Portugal (1185-1211) suscitou uma contraofensiva muçulmana que resultou não apenas na perda de Silves como de grande parte da região do Alentejo, até à margem esquerda do rio Tejo. Os habitantes de Sesimbra, alertados pela queda de Alcácer do Sal e debilitados pela peste que então grassava, abandonaram a povoação, que foi ocupada e arrasada pelas forças Almôadas sob o comando do califa Abu Iúçufe Iacube Almançor (1191).
Dom Sancho I reapossou-se da povoação por volta de 1200 com o auxílio de cruzados do Norte da Europa (então genericamente denominados de “francos”), tendo doado os seus domínios a Dom Guilherme de Flandres. Em 15 de agosto de 1201 o soberano concedeu carta de foral à povoação, determinando-lhe a reconstrução do castelo "a partir dos alicerces". Este foral foi confirmado por seu filho e sucessor, Afonso II de Portugal (1211-1223). A fortificação então reerguida correspondia ao núcleo envolvente da torre de menagem (alcáçova).
Sob o reinado de Sancho II de Portugal, que foi de 1223 a 1248, os domínios de Sesimbra e seu castelo foram doados aos cavaleiros da Ordem de Santiago (19 de fevereiro de 1236), na pessoa de seu Grão-Mestre, Dom Paio Peres Correia. Estes monges intensificaram os esforços do repovoamento, através da concessão de privilégios aos pescadores e aqui estabelecendo um couto de homiziados. Essa doação à Ordem foi confirmada por bula do papa Inocêncio IV (1245) e em 22 de fevereiro de 1255 por Afonso III de Portugal (1248-1279).