Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Sesimbra" - 03/05/2020
Alguns estudiosos admitem que tanto Dom Manuel I, quanto o seu sucessor, Dom João III de Portugal, aqui residiram em alguns períodos. Este último soberano criou a nova freguesia da Ribeira, atual freguesia de Santiago (em 1536). A “Visitação” de 1553 é mais explícita sobre a situação do hospital sito "abaixo da Igreja da parte Norte", descrevendo a ermida "de comprido sete varas e meia e de largo cinco varas e quarto", paredes de alvenaria, chão de ladrilho e teto de madeira "de bordo".
A capela do hospital funcionava ainda quando da “Visitação” de 1570, tendo o visitador da Ordem, face ao acentuado estado de ruína, determinado que todas as antigas edificações do castelo fossem renovadas e tornassem ao seu primitivo estado. Não há registro de reação do castelo quando, no contexto da Dinastia Filipina (1580-1640), Sesimbra foi atacada por corsários ingleses sob comando de Sir William Mouson, ocasião em que a fortificação manuelina sofreu pesados danos.
À época da Guerra da Restauração da Independência (1640-1668), o castelo medieval sofreu obras de fortificação impostas pela evolução dos meios de artilharia, quando recebeu revelins de planta triangular com traça de Joannes Cieremans. Ao mesmo tempo fez-se erguer junto à praia, sobre os restos do arruinado Forte de São Valentim, o novo Forte de Santiago de Sesimbra. Posteriormente, em 1693 foram construídos baluartes de reforço da muralha. Nesse período era feita a celebração do culto na capela do hospital, a cargo do capelão da Misericórdia (em 1699).
Sob o reinado de Dom João V de Portugal procedeu-se ao restauro da antiga Igreja de Santa Maria do Castelo (em 1721). O terremoto de 1 de novembro de 1755 agravou os danos ao já arruinado castelo, de há muito com função estratégica insignificante. Embora a povoação tenha estado envolvida tanto na Guerra Peninsular (1808-1814) quanto na Guerra Civil (1828-1834), não há notícias sobre o papel do seu castelo nesses momentos.
No último quartil do século XIX, parte da antiga cerca junto à torre de vigia a sudoeste foi demolida e a sua pedra reaproveitada para a construção do cemitério do concelho. No início do século XX foi aberta uma passagem no baluarte seiscentista e na muralha medieval para a construção de um arruamento visando facilitar o acesso às festas de Nossa Senhora do Castelo e ao cemitério, uma vez que o acesso pela Porta da Azóia era difícil.
Desde o final do século XIX, a costa de Sesimbra fora objeto de algumas campanhas oceanográficas por parte do soberano, Dom Carlos I de Portugal (1889-1908). Entretanto, sem acessos terrestres até ao século XX, a povoação permaneceu relativamente isolada no período, do qual só saiu com o desenvolvimento do turismo na segunda metade do século XX.