Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Alcoutim" - 17/05/2020
O "Castelo Velho de Alcoutim", também referido como "Castro de Santa Bárbara", localiza-se na freguesia de União das Freguesias de Alcoutim e Pereiro, no concelho de Alcoutim, distrito de Faro, em Portugal. No alto do cerro de Santa Bárbara, em posição dominante sobre o rio Guadiana, a cerca de um quilômetro a norte da vila de Alcoutim, constituiu-se em um dos mais importantes exemplares de arquitetura militar muçulmana no Algarve.
As pesquisas arqueológicas documentam adequadamente a sua edificação, a partir da formação do Emirado de Córdoba (929-1031), embora a opção muçulmana pela fortificação do local ainda não seja plenamente compreendida pelos estudiosos. É certo, entretanto, que essa defesa foi determinada pela navegação no rio Guadiana e pela importância da atividade mineradora na região à época.
No século X, com o estabelecimento do Califado Omíada de Córdova, registrou-se a reestruturação urbana no recinto do castelo, com a reparação das muralhas e o acrescento de um torreão junto da porta principal. Abandonada durante o século XI em circunstâncias desconhecidas, a estrutura gradativamente caiu em ruínas. Após a Reconquista cristã da região, os soberanos de Portugal privilegiaram o sítio da atual vila, para cuja defesa erigiram o Castelo de Alcoutim (o castelo novo).
De 1986 a 1993 foi objeto de diversas campanhas de pesquisa arqueológica sob a responsabilidade da Prof.ª Helena Maria Gomes Catarino, com recursos oriundos do IPA com apoio logístico da Câmara Municipal de Alcoutim. O projeto, denominado Povoamento e fortificações islâmicas do Algarve Oriental, buscou estudar o chamado Castelo Velho e seu território, privilegiando aspectos culturais do processo de islamização e a sua relação com as atividades econômicas regionais, em particular a mineração.
Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 67/97, publicado no Diário da República, I Série-B, n.º 301, de 31 de dezembro. Na primeira década do século XXI tiveram lugar obras de requalificação apoiadas pelo Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Portugal-Espanha, integradas no Projeto Guaditer.
A partir de 2011 teve lugar a construção de proteção das muralhas através de guarda-corpos em aço inox integrados na arquitetura das muralhas, permitindo aos visitantes desfrutar da paisagem envolvente. Procedeu-se ainda a construção de um passadiço no Núcleo de Arqueologia, permitindo a visualização do espaço arqueológico.
Falemos das Características do Castelo: É um Exemplar de arquitetura militar, de estilo moçárabe, de enquadramento rural. O conjunto compõe-se de dois recintos fortificados, ambos de planta retangular, em pedra de xisto irregular solta, argamassada com terra, característica da arquitetura Omíada.