Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Alcoutim" - 24/05/2020
Vamos falar das características do Castelo: O interior, em cota mais elevada, corresponde à alcáçova. Apresenta planta retangular irregular com cerca de 32 metros de comprimento por 22 metros de largura, com os muros com cerca de 2 metros de espessura, reforçados por diversas torres de planta quadrangular e retangular, nenhuma delas posicionada nos ângulos. Os muros apresentam, na face externa, buracos destinados ao escoamento de águas pluviais ou esgotos.
No seu interior encontram-se restos de paredes de vários edifícios: os da 1.ª fase, afastados das muralhas, e os da 2.ª fase, adossados à muralha e cortando completamente os anteriores. Do período califal existem ainda vestígios de um edifício retangular central, cujas paredes se encostam a muros anteriores. O tipo de aparelho aponta para uma tipologia tipicamente omíada, com certas influências sírio-palestinianas e bizantinas.
A muralha norte é rasgada por uma estreita porta e o troço voltado sobre o rio Guadiana terá sido reforçado durante o século XI, mesma época em que terá sido construído o torreão, com 5,3 metros de comprimento por 3,8 metros de largura, destinado a reforçar a defesa da porta principal, rasgada a leste. Aqui se encontra também a cisterna, com cerca de 5,6 metros de comprimento por 2,5 metros de largura, e paredes com espessura de 0,90 e 0,70 metros.
O exterior, delimitado pela cerca que defende o povoado, na encosta. Identificada pela análise dos taludes e pela observação dos tramos visíveis à superfície do solo, apresenta planta retangular e os seus muros são reforçados por torres adossadas. Na cerca abre-se uma porta em cotovelo, que se comunicava com o setor residencial extramuros que se estendia até à margem do Guadiana.
Um Personagem relacionado ao Castelo foi Duarte de Armas foi um escudeiro da Casa Real e "debuxador" (desenhista) português. Era filho de Rui Lopes de Veiros, escudeiro da Casa Real, bacharel em Direito Canónico e notário apostólico, que exerceu as funções de escrivão da Livraria Régia e da Torre do Tombo.
Hábil no desenho, foi encarregado por Dom Manuel I de Portugal de levantar o estado das fortificações da fronteira com o reino de Castela, o que fez em planta e em panorâmicas, com as respectivas medidas, sinais cartográficos e notas explicativas, de Castro Marim, no sul, a Caminha, no norte. Além do manuscrito do chamado "Livro das Fortalezas" (Códices A e B), conhecemos apenas a referência a mais dois trabalhos deste profissional, também a mando de Dom Manuel I:
O levantamento das barras das praças de Azamor, Mamora, Salé e Larache, na costa de Marrocos, como integrante da Armada de Dom João de Meneses em 1507 e o debuxo de uma antiquíssima estátua equestre existente na ilha do Corvo. Acredita-se que em 1516 ainda vivia e trabalhava, em Lisboa, onde terá morrido em data ignorada.