Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Torres Novas" - 26/07/2020
Em 1184 as forças do califa almóada de Marrocos, Abu Iacube Iúçufe, acamparam a sudeste da povoação, no local até hoje conhecido como Arraial. Dali assaltaram a vila, arrasando a sua fortificação, dirigindo-se em seguida a Santarém. No assédio a esta foram derrotados, vindo o emir a falecer em decorrência dos ferimentos recebidos na ocasião, em Évora, no mesmo ano.
Na narrativa da história do culto a Nossa Senhora do Ó no país, surgido nesta povoação, é referido que a imagem aqui adorada também o era sob a designação de Nossa Senhora da Alcáçova, por ter sido recuperada em uma gruta ou concavidade achada pelos trabalhadores quando da abertura dos alicerces para a edificação (ou reedificação) do castelo, por volta de 1187, sob o reinado de Sancho I de Portugal.
Ainda sob o reinado deste soberano, possivelmente com as obras do castelo ainda em progresso, a povoação sofreu novo assalto das forças almóadas, agora sob o comando do califa Abu Iúçufe Iacube Almançor, filho do falecido Abu Iacube Iúçufe, vindo a cair após um cerco de dez dias em 1190. Deixando guarnição em Torres Novas, as tropas daqui se dirigiram ao assédio a Tomar, que lhes resistiu com sucesso.
As forças de Dom Sancho I devem ter retomado Torres Novas meses mais tarde de tal forma que, visando incrementar o seu povoamento e defesa, o soberano passou-lhe o primeiro foral, a 1 de outubro desse mesmo ano (1190), determinando a reconstrução da fortificação. Afonso III de Portugal outorgou carta de feira à vila em 1273.
Também com o objetivo de incrementar o povoamento e defesa, Dinis I de Portugal (1279-1325) fundou, entre Tomar e a Golegã, as póvoas da Atalaia, Tajeira e Asseiceira. O soberano doou Torres Novas à sua esposa, Isabel deAragão, a Rainha Santa (1304), que passou a integrar o património da “Casa das Rainhas”, extinta por Decreto de 13 de agosto de 1832.
Sob o reinado de Fernando I de Portugal, no contexto das Guerras Fernandinas, em particular após o assédio castelhano de 1372, deu-se início aos trabalhos de reconstrução das defesas, conforme inscrições epigráficas primitivamente sobre a Porta da Praça e sobre a Porta do Salvador, a cargo do mestre de pedraria Estêvão Domingues, sendo vedor das obras o juíz Lourenço Peres de Santarém.
Durante a crise de sucessão de 1383-1385, aqui se recolheram as forças de João I de Castela, em outubro de 1384, de regresso do malsucedido cerco a Lisboa naquele ano. No ano seguinte, as forças de João I de Portugal, assaltaram Torres Novas, forçando a guarnição castelhana da vila a recolher-se ao castelo. Meses mais tarde, com os portugueses vitoriosos na batalha de Aljubarrota, Torres Novas tomou partido por Portugal recebendo como Alcaide-mor a Antão Vasques. As obras nas defesas na vila estariam concluídas em 1414.