Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Torres Novas" - 23/08/2020
Da cerca urbana restam troços de muralha, ladeando a Rua de Trás-os-Muros, cercando a Igreja do Salvador e correndo paralela à Rua de Entre-Muros, separando fiadas de casas. Resta também uma torre de planta quadrada, entre a Igreja do Salvador e o Solar dos Mogos de Melo. Luís Cardoso, no "Dicionário Geográphico", refere a existência de duas lápides epigrafadas, a saber:
- Uma encastrada sobre a Porta da Praça, hoje desaparecida, cujo texto rezava, segundo a transcrição das "Memória Paroquiais" (de 1758): “ERA CCCCXII [ano de 1374] AOS II DE JANEIRO SE COMEÇOU ESTA OBRA LOURENÇO PERES DE SANTARÉM JUIZ POR EL REI”.
- Outra localizada sobre a Porta do Salvador e que atualmente faz parte do acervo epigráfico do Museu Municipal de Torres Novas. Trata-se da inscrição comemorativa da conclusão da construção da muralha do castelo gravada numa lápide de calcário de formato poligonal (retângulo com vértices superiores facetados originando seis faces) e moldura filetada simples, com as seguintes dimensões:
Totais de 51x41x22 cm e o campo epigráfico de 42x32 cm. A inscrição reza: “O MUI NOBRE REI DOM FERNANDO MANDOU FAZER ESTA OBRA A LOURENÇO PERES DE SANTAREM JUIZ POR EL E FOI ACABADA NO ANO DE 1376 E DESTA OBRA FOI MESTRE ESTEVÃO DOMINGUES PEDREIRO QUE ISTO FEZ E LAVROU”.
A lenda de Gil Pais: Segundo uma lenda local, quando da invasão castelhana de 1372, diante do assédio a Torres Novas pelas forças de Henrique II de Castela, um dos filhos de Gil Pais, o alcaide-mor da praça, foi aprisionado em meados de fevereiro, durante uma mal sucedida surtida noturna dos defensores às forças sitiantes.
O prisioneiro foi trazido junto às muralhas, onde os castelhanos exigiram ao alcaide a sua rendição, em troca da vida do jovem. Diante da recusa do alcaide em entregar a praça que lhe fora confiada pelo seu soberano, assistiu à execução do filho diante dos portões do castelo.