Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Castro Marim" - 15/11/2020
Castelo de Castro Marim localiza-se na vila e Freguesia e Concelho de mesmo nome, no Distrito de Faro, em Portugal. Fortificação raiana, em posição dominante sobre o chamado monte do Castelo, defendia aquele ponto de travessia sobre a margem direita da foz do rio Guadiana, fronteiro ao Castelo de Ayamonte na margem oposta, hoje na Espanha. Ex-libris da vila, é considerado pelos estudiosos como um dos mais significativos monumentos da Idade Média portuguesa na paisagem da região.
Encontra-se integrado na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, sendo bastante apreciada a vista panorâmica sobre o rio, a zona do Sapal, a serra algarvia, a Espanha, as salinas e as praias daquele litoral. A pesquisa arqueológica desenvolvida na década de 1980, indica que a primitiva ocupação humana do monte do Castelo remonta à pré-história, ao final da Idade do Bronze.
Desde então não houve interrupção da ocupação da foz do rio Guadiana, sempre ligada à atividade comercial marítima do mar Mediterrâneo, sucessivamente por navegadores Fenícios, Gregos (854 a.C.) e Cartagineses (final do século IV a.C.) até ser destruído por um forte abalo sísmico antes da chegada dos Romanos.
O mais antigo muro defensivo identificado no recinto do atual castelo remonta ao século VIII a.C., tendo sido acrescido por outras estruturas nos séculos seguintes, em particular entre os séculos V e III a.C., quando o comércio com as cidades gregas se intensificou.
À época da Invasão romana da Península Ibérica, o rio Guadiana serviu de fronteira entre as províncias da Bética e da Lusitânia. A povoação foi reocupada e a sua fortificação reconstruída, transformando-se em importante centro político e econômico regional. Daqui partiam as movimentadas estradas que ligava Besuris (Castro Marim) a Mírtilis Júlia (Mértola, a norte), a Ossónoba (Faro) e Balsa, pela costa (a oeste) e Onoba Astuária (Huelva, a leste).
Posteriormente, mantendo a sua importância, foi ocupada por Vândalos e por Muçulmanos, alguns autores atribuindo a estes últimos a edificação do primitivo castelo, de planta quadrada, com torres semi-circulares nos vértices.
À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a região foi atingida pelas forças portuguesas na década de 1230. Dom Sancho II de Portugal alcançou a foz do rio Guadiana onde conquistou Mértola e Ayamonte (1238). A conquista de Castro Marim deu-se a seguir, sob o comando do Mestre da Ordem de Santiago, Dom Paio Peres Correia (1242). A partir de então, a coroa promoveu o repovoamento do Algarve, a cargo das Ordens Militares. Castro Marim recebeu Carta de Foral passada por Dom Afonso III de Portugal desde 8 de Julho de 1277, com a determinação para a reconstrução de sua defesa.
Sob o reinado de Dom Dinis de Portugal (1279-1325), foi iniciada a reconstrução da porta do castelo, conforme inscrição epigráfica (1 de Julho de 1279). O soberano confirma e amplia o foral da vila (1 de Maio de 1282). Posteriormente, em virtude da negociação e assinatura do Tratado de Alcanices (12 de Setembro de 1297), quando Portugal desistiu dos domínios de Aroche, Ayamonte, Aracena e outros, recebendo em troca os de Campo Maior, Olivença e outros na região, o soberano determinou o reforço do Castelo de Castro Marim (1303) e a construção de uma barbacã. Essas estruturas ficaram conhecidas respectivamente como "Castelo Velho" e "Muralha (ou castelo) de Fora".