Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Braga" - 06/12/2020
O "Castelo de Braga" localizava-se na freguesia de União das Freguesias de Braga (São José de São Lázaro e São João do Souto), concelho e distrito de Braga, em Portugal. Cidade com mais de dois mil anos de história, importante centro administrativo, civil e religioso. Embora os únicos vestígios que chegaram aos nossos dias sejam alguns portões e torres ao longo de seu perímetro medieval, a Torre de Menagem, na freguesia de São João do Souto, é o único verdadeiro remanescente do castelo medieval.
O astrónomo e geógrafo grego Claudius Ptolemeu, em meados do século II referiu que a cidade de "Bracara Augusta" era anterior à conquista romana da Península Ibérica. A recente pesquisa arqueológica, conduzida pela Universidade do Minho, identificou uma cerca defensiva com planta poligonal, definida por troços retilíneos, com uma área amuralhada entre 40 e 50 hectares, reforçada por torreões de planta semicircular, que remonta ao século III.
À época das invasões bárbaras, a cidade foi escolhida pelos Suevos como capital de seu reino, devido à sua importância e localização estratégicas. Veio, entretanto, a perder importância quando da sua conquista pelos Visigodos e de seu saque pelos Muçulmanos, e mesmo mais tarde, quando de sua reconquista pelas forças cristãs do reino de Leão.
Embora não existam informações seguras sobre a evolução de suas defesas nestes períodos conturbados, sabe-se que, a partir do século XI, uma segunda cerca estava em construção, a sul e a oeste, complementando o troço norte da antiga muralha romana. Sabe-se ainda que, em 1145, o arcebispo de Braga, João Peculiar, garantiu aos cavaleiros da Ordem do Templo uma importante casa na cidade.
A primeira referência documental à cerca muralhada de Braga é datada de 12 de junho de 1161, numa doação à Igreja de São João do Souto, que à época passava a poucos metros da abside da Sé Catedral. Por volta de 1210, a cerca muralhada já deveria estar ampliada, uma vez que há referência documental rua e porta do Souto.
Em 1300, de acordo com o Monsenhor José Augusto Ferreira, Dom Dinis I de Portugal (1279-1325) ordenou a construção de um castelo, existindo referências a verbas aplicadas às obras da cerca da cidade em 1301. Em 1315 há a primeira referência documental ao “Castelo Novo”. Em 1359, Dom Pedro I de Portugal (1357-1367) ordenou o lançamento da sisa na cidade e termo, a ser aplicada nas obras da cerca da cidade.
Sob o reinado de Dom Fernando I de Portugal (1367-1383), durante a I Guerra Fernandina (1369-1370) Henrique II de Castela (1366-1379) conquistou a cidade, que “(…) era lugar grande e mal cercado, sem haver mais de uma torre”. Ao retirar, mandou incendiá-la.
Entre 1369 e 1380 o Tombo do Cabido refere a "Porta do Muro", que também era chamada à época como "Porta de São Tiago da Cividade". Em 1378 Dom Fernando I determinou restaurar a cerca amuralhada, que passou a contar com cinco torres. Em 1380 trabalhavam nas obras do castelo três mestres de nomes João Mouro, Pero Senascais ou Senaschais e João Pedreiro.