Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Braga" - 13/12/2020
Durante a crise de sucessão de 1383-1385, Braga, juntamente com outras cidades do norte do país, tomou partido por Beatriz de Portugal. Entretanto, tendo as Cortes de Coimbra (em 1385) aclamado como soberano a Dom João I de Portugal, Braga franqueou-lhe as portas. Sob o reinado deste soberano, o Arcebispo da Arquidiocese de Braga, Dom Martinho Afonso Pires de Charneca, obteve licença do soberano para mandar reparar o castelo e nomear o alcaide (em 31 de agosto de 1398).
Pouco depois (em 20 de novembro), o Arcebispo solicitou ao Cabido a cedência de 2000 cantos de pedra da torre da Quintã de Carapeços para as obras do castelo e do paço arquiepiscopal então também em construção. Dois anos mais tarde (em 1400) o Arcebispo decidiu mandar trazer toda a pedra que fosse encontrada nos arrabaldes e couto da cidade para a obra que se fazia na cerca.
A 10 de fevereiro de 1402, a jurisdição e couto da cidade foram transferidos dos Arcebispos para a Coroa. No ano seguinte, a 13 abril de 1403, após uma contenda com o Chantre da Sé de Braga, relativa à cedência gratuita da pedra da Torre de Carapeços, o soberano destinou gratuitamente para as obras das muralhas de Braga toda a pedra de edifícios antigos derrubados cuja restauração não estivesse prevista.
A 20 de dezembro de 1421 o monarca determinou que os almotacés que não respeitassem o contrato de repartição do pescado entre o prelado, o Cabido e a população, que pagassem 100 reais de multa, aplicados nas obras da muralha. Nas Cortes de Lisboa de 1446 os procuradores bracarenses queixaram-se que a população continuava a pagar para as obras da muralha, que então se encontravam paradas.
Os procuradores imputaram responsabilidade ao tio do soberano, Dom Afonso, 1º duque de Bragança, vedor-mor das obras públicas na comarca de Entre Douro e Minho. Posteriormente, nas Cortes de Lisboa de 1456-1459, foi novamente denunciado o caso da paragem das obras da muralha, tendo já sido gasta a maior parte da verba destinada. Devido à paragem das obras, a muralha encontrava-se derrubada no local. As responsabilidades foram imputadas a Aires Ferreira, escudeiro-fidalgo da Casa do duque de Bragança.
Dom Afonso V de Portugal (1438-1481) devolveu a jurisdição da cidade e couto ao Arcebispo Dom Luís Pires (em 12 de março de 1472). Em 1477 encontrava-se em construção a torre da muralha junto da porta de São Tiago, tendo sido necessário proceder à recolha de sisa. Este soberano também dispensou cuidados à defesa de Braga, período em que a cerca foi reforçada com novas torres, de planta quadrangular.