Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Penedono" - 03/01/2021
O “Castelo de Penedono”, também referido como “Castelo do Magriço”, localiza-se na freguesia de União das Freguesias de Penedono e Granja, concelho de Penedono, distrito de Viseu, em Portugal. “Ex líbris” de Penedono, situa-se em posição dominante sobre a povoação, inscrita na serra do Serigo. Conhecemos com precisão as origens desta fortificação. As fontes documentais mais antigas mencionam a povoação apenas à época da Reconquista cristã, a propósito do repovoamento da região após a vitória das forças de Ramiro II de Leão na batalha de Simancas (em 939).
A defesa desta parte do território foi confiada a Rodrigo Tedoniz, marido de Leodegúndia (irmã de Mumadona Dias) com quem gerou Dona Flâmula (ou Chamoa Rodrigues). Rodrigo viria a ser alcaide dos castelos do soberano e, nessa função, teria determinado a reedificação do Castelo de Penedono. Posteriormente, em 998 da Era Hispânica (960 da Era Cristã), Chamoa Rodrigues, achando-se gravemente enferma em Lalim, fez-se conduzir ao Mosteiro de Guimarães, instituindo como testamenteira a sua tia Mumadona, com o encargo de dispor de seus bens para fins de beneficência.
Durante o século XI, ao sabor dos avanços e recuos das fronteiras cristãs, Penedono e o seu castelo mudaram de mãos em diversas ocasiões. A sua reconquista definitiva teve lugar no contexto da campanha de Dom Fernando I de Leão (1037-1065) que culminou com a conquista das regiões de Viseu e de Coimbra em 1064. Um inventário dos bens do Mosteiro de Guimarães lavrado em 1095 relaciona o Castelo de Penedono entre outros bens anteriormente legados por Dona Chamoa.
Com a emancipação política de Portugal, os seus domínios passaram a integrar os do novo reino. Don Sancho I de Portugal (1185-1211), ante a situação estratégica de Penedono, próximo à linha fronteiriça, incentivou o repovoamento dessas terras através da doação de foral (em 1195), ao mesmo tempo em que determinou a reconstrução das suas defesas.
O seu sucessor, Dom Afonso II de Portugal confirmou-lhe o foral em outubro de 1217. O documento régio, expedido em nome conjunto com a sua esposa, a rainha Dona Dulce, e os filhos do casal, os infantes Dom Sancho, Dom Afonso e Dona Leonor, destaca-se pelo número e qualidade dos seus intervenientes confirmantes, nada menos do que oito autoridades eclesiásticas (Estêvão, arcebispo de Braga; Martinho, bispo do Porto; Pedro, bispo de Coimbra; Soeiro, bispo de Lisboa; Soeiro, bispo de Évora; Pelágio, bispo de Lamego; Bartolomeu, bispo de Viseu; Martinho, bispo da Guarda).
E ainda Martinho João, alferes-mor do Rei; Pedro João, mordomo da Cúria; e mais doze Senhores da Corte, sendo sete como confirmantes e cinco como testemunhas. A povoação e o seu castelo também tiveram a atenção de Dom Dinis I de Portugal (1279-1325), que lhe determinou reforços na defesa. No reinado deste soberano, em 1321 existiam em Penedono três igrejas paroquiais, das invocações de São Pedro, São Salvador e Santa Maria Madalena, cujas rendas foram calculadas, respectivamente, em 50, 40 e 100 libras cada uma.