Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Penedono" - 10/01/2021
A atual configuração do castelo remonta aos fins do século XIV, quando Dom Fernando I de Portugal (1367-1383) incluiu a povoação no termo de Trancoso. Diante da intenção da edilidade de arrasar o Castelo de Penedono, os homens-bons desta vila insurgiram-se, logrando a sua autonomia. Estes domínios foram então doados a Dom Vasco Fernandes Coutinho (Marialva), senhor do couto de Leomil, que fez reconstruir o castelo.
No contexto da crise de sucessão, tendo Vasco Fernandes Coutinho falecido em 1384, sucedeu-o na alcaidaria o seu filho, Gonçalo Vasques Coutinho. Leal ao partido do Mestre de Avis, foi-lhe confiado, no início de 1385 o encargo de chefiar as forças do Porto que conquistaram o Castelo da Feira. Posteriormente, distinguiu-se por mérito na batalha de Trancoso, o que lhe valeu a promoção ao posto de marechal.
Acredita-se que aqui, no Castelo de Penedono, tenham nascido os filhos deste alcaide e, dentre eles:
• o primogênito, Vasco Fernandes Coutinho, 1.º conde de Marialva, que integrou a mal-sucedida expedição a Tânger (1437); e
• Álvaro Gonçalves Coutinho, o cavaleiro alcunhado “o Magriço”, herói da narrativa dos Doze Pares de Inglaterra, imortalizado por Camões no Canto VI de “Os Lusíadas”.
Os descendentes do conde de Marialva mantiveram interesses no Castelo de Penedono, a saber: Dom Gonçalo Coutinho, que herdou o título condal, e Dom Fernando Coutinho, ambos integrantes da segunda expedição a Tânger (em 1464), onde o primeiro perdeu a vida; os seus netos, Dom João Coutinho, 3.º conde de Marialva, e Dom Francisco Coutinho, 4.º conde de Marialva por sucessão de seu irmão, falecido sem descendência, foram ambos integrantes da expedição que conquistou Arzila (em 1471), e que ao primeiro custou a vida.
Sob o reinado de Dom Manuel I de Portugal (1495-1521), a vila recebeu o Foral Novo, subscrito por Fernão de Pina, a 27 de novembro de 1512. As rendas e os direitos anuais, devidos à Coroa, fixados em 2970 réis, deviam ser pagos pelos moradores do concelho ao alcaide do castelo. Do gado miúdo (ovino e caprino) que sem licença entrasse nos montados, levaria o concelho 1 real por cabeça e do gado vacum, 10 reais.
Seguem-se os capítulos de Armas, Sentenças e Gado do Vento, referentes, o primeiro, à pena de arma; o segundo, à execução das sentenças; e o terceiro ao gado do vento, isto é, o gado encontrado a vaguear pelos montes, sem dono conhecido. Entre os direitos particulares, encontram-se mencionados a portagem de entrada na vila e o forno de cozer pão.
Foram realizadas, nesta conjuntura, novas obras no castelo, para o que terá contribuído a influência do 4.º conde de Marialva, vedor das obras reais na Beira, cuja filha única, Dona Guiomar Coutinho, desposou o infante Dom Fernando. Falecendo o conde sem descendência, e sua filha, dois anos depois, também sem descendência, extinguiu-se a família Coutinho.
Do Cadastro da População do Reino elaborado em 1527 por ordem de Dom João III de Portugal (1521-1557), consta que na vila de Penedono e seu termo havia então 486 fogos, o que equivalia a cerca de 1500 habitantes. O lugar mais populoso era o das Antas, com 130 fogos, seguindo-se Castainço com 85, a Beselga com 82, a Prova com 78, a Vila com 73 e, por fim, Alcarva com 48.