Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Santarém" - 24/01/2021
O Castelo de Santarém, no Ribatejo localiza-se na freguesia de Marvila, cidade de Santarém, concelho e distrito de mesmo nome, em Portugal. Em sítio privilegiado em termos estratégico-defensivos, com fácil acesso ao rio e cercado por solos férteis para a agricultura, o castelo era integrante da chamada Linha do Tejo à época medieval. Atualmente restam apenas alguns troços das suas muralhas e a chamada Torre das Cabaças.
A primitiva ocupação humana de seu sítio remonta a um possível castro pré-histórico, que daria lugar a uma povoação desde o século VIII a.C.. Os Romanos atingiram o povoado desde 138 a.C., designando-o como "Scalabi Castro" ou simplesmente "Escálabis", momento em que se constituiu em importante entreposto comercial no médio curso do rio Tejo e centro administrativo da província.
Posteriormente, a partir da conquista da península pelas tropas de Júlio César (90 a.C.), esta povoação passou a sediar uma guarnição militar permanente, sendo rebatizada como "Presídio Júlia (em latim: Praesidium Juliia" quando deve ter sido fortificada. A sua importância é confirmada pelo traçado da via que ligava Lisboa a Astorga, passando por Conímbriga, Cale e Bracara Augusta.
No alvorecer do século V, diante da invasão da Hispânia pelos bárbaros (Alanos, Vândalos), a povoação foi dada a Sunerico (460). Os Suevos se apossaram sem grande dificuldade da povoação (529), no que foram sucedidos posteriormente, no século VII pelos Visigodos, altura em que era denominada como "Sancta Irena". No início do século VIII, ocupada pelos Muçulmanos, que a designavam como "Chantirein" ou "Chantarim", manteve-se a sua estrutura urbana e fortaleceu-se a sua vocação agrícola, comercial e administrativa.
No contexto da Reconquista cristã da península, Santarém foi por diversas vezes alvo das investidas dos reis asturo-leoneses, época em que as suas fortificações devem ter sido sucessivamente reparadas e reforçadas pelos Muçulmanos. Entre o final do século XI e o início do século XII, a posse da praça alternou-se estes e os cristãos, ao sabor dos avanços e recuos da fronteira.
À época da Independência de Portugal, diante do avanço para o Sul das forças portuguesas sob o comando do rei Dom Afonso Henriques, o Castelo de Santarém foi conquistado, em 15 de Março de 1147, de surpresa em um assalto noturno. Na ocasião, o soberano doou todo o direito eclesiástico da povoação à Ordem dos Templários:
"Em nome da Santíssima Trindade, Padre. Filho e Espírito Santo. Eu, Dom Afonso, por graça de Deus, rei dos portugueses, começando minha jornada para o castelo, que se chama Santarém, propus em meu coração, e fiz voto, que Deus por sua misericórdia me concedia, lhe ofereceria todo o direito eclesiástico e aos cavaleiros e mais religiosos do Templo de Salomão, que residem em Jerusalém em defensão do Santo Sepulcro, alguns dos quais me acompanharam nesta empresa.
E porque o Senhor me fez tão grande mercê que deduziu a próspero fim meu desejo, portanto eu, Dom Afonso, sobredito rei, com minha mulher a rainha Dona Mafalda, fazemos doação aos cavaleiros nomeados de todo o direito eclesiástico de Santarém, para que o tenham e possuam, assim eles como seus sucessores, para sempre, de modo que não se entremeta nele pessoa alguma secular nem eclesiástica.