Por: Nelson de Paula.
"Castelo do Alandroal" - 14/02/2021
O “Castelo do Alandroal” localiza-se na freguesia de União das Freguesias de Alandroal (Nossa Senhora da Conceição), São Brás dos Matos (Mina do Bugalho) e Juromenha, concelho do Alandroal, distrito de Évora, em Portugal. Nas terras deste concelho cresciam abundantes loandros ("Nerium oleander"), cuja madeira é usada no artesanato local, e daí a origem do topônimo “landroal” (campo de loandros).
A primitiva ocupação humana da região remonta à pré-história, conforme o testemunham vestígios de vários tipos. Também são abundantes os vestígios da presença romana e muçulmana. Discute-se, entretanto, acerca da presença destes últimos no sítio de Alandroal, alguns investigadores sustentando ver vestígios dos mesmos no próprio castelo.
A região foi inicialmente conquistada em 1167 por forças de Dom Afonso I de Portugal, tendo o seu filho e sucessor, Dom Sancho I de Portugal ali doado extensos domínios aos freires de Santa Maria de Évora (Milícia de Santa Maria de Évora, a partir de 1211 com sede em Avis). Ainda nesse reinado foi perdida para as forças Almóadas sob o comando do califa Abu Iúçufe Iacube Almançor na ofensiva de 1190-1191, para retornar a mãos cristãs, definitivamente, sob o reinado de Sancho II de Portugal, possivelmente em 1228.
Sob o reinado de Dom Dinis I de Portugal a área passou definitivamente para a posse de Portugal em virtude da assinatura do Tratado de Alcanizes (em 1297), que definiu a linha da raia com o Reino de Castela. De acordo com a historiografia tradicional, a povoação do Alandroal terá sido estabelecida sob o reinado de Dom Dinis I de Portugal entre 1294 e 1298, passando a constituir uma comenda da Ordem de Avis.
O castelo foi erguido a partir de 6 de fevereiro de 1294 por Dom Lourenço Afonso, 9.º Mestre da Ordem, conforme testemunha uma inscrição epigráfica sobre uma das portas. Uma segunda inscrição, no alçado oeste da torre de menagem, hoje integrado na Sala do Tesouro da Igreja Matriz, dá conta da conclusão de sua edificação, em 24 de fevereiro de 1298, sendo Mestre da Ordem, o mesmo Dom Lourenço Afonso.
Uma terceira inscrição, no torreão à direita do portão principal, datada criticamente entre 1294 e 1298, refere o nome do seu construtor, que se identificou apenas como "Eu, Mouro Galvo". Por essa razão, admite-se que os traços Muçulmanos na edificação do castelo se devam à prática deste seu construtor.
No contexto da crise de sucessão de 1383-1385 o seu alcaide, Pero (ou Pedro) Rodrigues da Fonseca, tomou partido por Dom João, Mestre de Avis, ao contrário dos alcaides vizinhos de Vila Viçosa, Campo Maior, e Olivença (cujo alcaide era homônimo – Pero Rodrigues da Fonseca), que tomaram partido por Beatriz de Portugal. Em 1389, Olivença, Vila Viçosa, e Campo Maior já haviam sido submetidas a Dom João de Portugal e Pero Rodrigues da Fonseca passou a ser alcaide de duas povoações (Alandroal e Olivença).
Os seus feitos são recordados por Luís de Camões em “Os Lusíadas”, e o seu nome perpetua-se nuns pequenos bolos locais - os "Pero-Rodrigues". Os descendentes deste personagem terão tomado o apelido de "Encerrabodes", uma referência, afirma a tradição local, ao fato de um grupo de castelhanos (os "bodes") ter ficado cercado ("encerrado") num combate.