Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Aljezur" - 21/03/2021
Esta fortaleza faria parte do complexo defensivo da região sob o domínio de Silves, que nessa altura compreendia a região desde Aljezur e o Sul da costa alentejana até aos modernos concelhos de Lagoa e Albufeira. A povoação de Aljezur em si poderá ter origem islâmica, atribuindo-se a sua fundação aos inícios do Século X.
Segundo a tradição, a vila foi reconquistada pelas forças cristãs em 1242 ou 1246, no dia 16 de Junho, por um destacamento da Ordem de Santiago, sob o comando de Paio Peres Correia. Com efeito, a povoação de Alvor foi tomada em 1240, e Tavira em 1242, embora a reconquista só tenha terminado em 1249, com a libertação de Silves, Faro, Albufeira e Porches. Em recompensa pelo seu papel na reconquista do Algarve, o rei Dom Afonso III ofereceu Aljezur e outras localidades à Ordem de Santiago.
Após a reconquista, aquele monarca terá ordenado a realização de obras no castelo, que poderão ter incluído a construção dos compartimentos junto às muralhas. Nesta altura, o castelo poderá ter tido funções principalmente do ponto de vista militar. Em 16 de Fevereiro de 1267, foi assinado o Tratado de Badajoz, onde o rei de Leão e Castela, Dom Afonso X, se comprometeu a entregar ao rei Dom Afonso III de Portugal os castelos na região do Algarve, incluindo o de Aljezur.
Em 12 de Novembro de 1280, o rei Dom Dinis emitiu o foral de Aljezur, na vila de Estremoz. Em 1 de Dezembro de 1297, aquele monarca trocou a vila de Almada e a quinta de Alfeite, pelos castelos de Monchique e Aljezur e as vilas de Almodôvar e Ourique, que passaram a pertencer à Ordem de Santiago. Esta decisão fez parte do processo de libertação da Ordem de Santiago dos mestres de Castela, iniciado por Dom Dinis.
O centro de Aljezur está situado numa península formada pelas ribeiras de Aljezur (originalmente conhecida como da Serra ou do Pomarinho), das Alfambras e do Areeiro, enquanto que o castelo está a Sudoeste do centro. O castelo terá sido abandonado no período entre os finais do Século XV e os princípios do Século XVI, uma vez que perdeu importância como posto defensivo, devido ao assoreamento da Ribeira de Aljezur, que diminuiu a sua navegabilidade.
Outro motivo que contribuiu para o abandono do castelo foi uma redução da importância estratégica da vila de Aljezur, e uma necessidade de defender pontos mais importantes na região do Algarve. Com efeito, os fragmentos de cerâmica que foram descobertos na parte superior do enchimento das estruturas, utilizado como lixeira, são típicas do período de transição do Século XV para o XVI.
No Século XV, o castelo já se encontrava em avançado estado de abandono, como foi relatado por uma visitação da Ordem de Santiago à vila de Aljezur, em 1448 ou 1482. Segundo este documento, a muralha ocidental estava em ruínas, enquanto que as portas estavam danificadas e não tinham fechaduras.
Foi proibida a remoção de pedra ou de cantaria para ser utilizada noutros edifícios, e foram deixadas normas para que fosse feita a reedificação das partes das muralhas já arruinadas e limpeza da cisterna, que estava a ser utilizada como local de depósito para entulho. No entanto, as obras de recuperação do castelo não chegaram a avançar, apesar de terem sido reforçadas pelo rei Dom Manuel, no âmbito do seu programa de ordenamento do território.