Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Aljezur" - 28/03/2021
O rei Dom Manuel concedeu um novo foral para Aljezur em 20 de Agosto de 1504, tendo a vila ganho o estatuto de honrada. Apesar disto, desde então o castelo foi deixado ao abandono, entrando num profundo processo de degradação, que foi testemunhado pelos autores entre os séculos XVI e XIX. Apesar do estado de abandono da fortaleza, ainda assim continuou a ter alcaides-mores, função que foi desempenhada pelos Condes de Vila Verde, e posteriormente pelos Marqueses de Angeja.
Na obra Dicionario Geographico do padre Luís Cardoso, editada entre 1747 e 1751, no tomo I, página 312, foi inserida uma referência ao castelo de Aljezur: “Nos subúrbios da Villa se acham vestígios de hum Castelo com sua cisterna quasi de todo entulhada, e perdida.” Pouco tempo depois, tanto a vila como o castelo foram muito atingidos pelo Sismo de 1755, tendo sofrido graves danos, tanto nas suas estruturas próprias como nos edifícios no interior.
Uma outra descrição da fortaleza foi feita por João Maria Baptista, na sua obra Chorographia Moderna do Reino de Portugal, publicada em 1876: “Tinha um castello forte no tempo dos mouros, cujas ruinas ainda se conservam na parte mais elevada do serro ao Sul, de figura octogona com duas torres e uma formosa cisterna que ainda se conserva em bom estado, e alicerces de pequenos quarteis. Os vestígios dos poucos e acanhados edifícios que em algumas escavações nos seus arredores se tem encontrado, mostram ter sido sempre a povoação pequena e pobre como é hoje.”
Depois de vários séculos de abandono, as primeiras intervenções significativas no castelo só foram feitas entre 1940 e 1941, no âmbito das comemorações do centenário do Infante Dom Henrique, durante as quais foram feitas importantes obras de restauro em monumentos do Barlavento Algarvio, incluindo na Fortaleza de Sagres e na cidade de Lagos.
No caso do Castelo de Aljezur, destacou-se a sua importância, principalmente devido à tradição que seria uma das fortalezas do Algarve inserida na bandeira nacional, tendo sido principalmente feitas obras de reparação nas muralhas, embora alguns lances tenham sido bastante modificados durante o processo.
Estas intervenções ficaram recordadas numa placa comemorativa, colocada junto à entrada do castelo. Em 12 de Outubro de 1956, a 1.ª Subsecção da 6.ª Secção da Junta Nacional de Educação emitiu um parecer sobre a classificação do castelo, e em 13 de Outubro desse ano o Subsecretário de Estado da Educação Nacional publicou um despacho de homologação nesse sentido.
Em 19 de Setembro de 1972, a Junta Nacional de Educação opinou sobre a possível instalação de uma unidade hoteleira no castelo, tendo declarado que só autorizaria esta obra se não fosse danificado o seu interior. Em 1973 foi feito um projeto para a iluminação exterior do edifício, a pedido da autarquia, e entre 1976 e 1977 foi construída a estrada de acesso e um parque de estacionamento.
O Castelo de Aljezur foi classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto 129/77, de 29 de Setembro. Em 1981 foram colocados os sistemas de iluminação, e em 1985 foram feitos trabalhos urgentes de conservação nas muralhas. O Decreto-lei 106F/92, de 1 de Junho, publicado no Diário da República n.º 126, Série A, consignou o monumento ao Instituto Português do Patrimônio Arquitetônico.