Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Óbidos" - 09/05/2021
Acredita-se que a primitiva ocupação humana do seu sítio remonte à pré-história. Pela sua proximidade da costa atlântica, despertou o interesse de povos invasores da Península Ibérica, tendo sido sucessivamente ocupado por Lusitanos (século IV a.C.), Romanos (século I), Visigodos (séculos V a VI) e Muçulmanos (século VIII), atribuindo-se a estes últimos a fortificação da povoação, como se constata pela observação de determinados trechos da muralha, com feições mouriscas.
No contexto da Reconquista cristã da Península, as forças do rei Dom Afonso Henriques, após as conquistas de Santarém e de Lisboa (1147), encontraram viva resistência para conquistar a povoação e seu castelo, o que finalmente aconteceu através de um ardil (10 de Janeiro de 1148). O castelo encontra-se referido documentalmente desde 1153.
Reconquistadas definitivamente no reinado de Dom Sancho I (1185-1211), foram procedidas obras no castelo (conforme inscrição epigráfica na Torre do Facho), época em que a vila recebeu a sua carta de foral (1195). O seu filho e sucessor, Dom Afonso II, doou a povoação e o respectivo castelo a Dona Urraca, sua esposa (1210).
A povoação e seu castelo mantiveram-se fiéis a Dom Sancho II, quando da crise de sua deposição, resistindo vitoriosamente, em 1246, aos assaltos das forças do Conde de Bolonha, futuro rei Dom Afonso III. Essa resistência valeu à vila o epíteto de mui nobre e sempre leal, que figura até hoje no seu brasão de armas.
Doada como presente de casamento por Dona Dinis à rainha Santa Isabel durante as núpcias ali passadas, a vila passou a integrar o dote de todas as rainhas de Portugal até 1834. Este monarca fez erigir a torre de Menagem (c. 1325).
Sob o reinado de Dom Fernando, uma inscrição epigráfica assinala a ereção, em 1375, de uma torre, por alguns considerada de menagem, embora lhe faltem as características da base maciça com entrada a nível do pavimento elevado, presentes na de Dom Dinis.
Durante o contexto da crise de 1383-1385, o seu alcaide, contra a vontade dos moradores, tomou o partido de João I de Castela e de Dona Beatriz, tendo resistido às forças do Mestre de Avis. Óbidos e o seu castelo foram entregues a João I de Portugal, eleito nas Cortes de Coimbra, por Vasco Gonçalves Teixeira após o falecimento em combate do seu pai e alcaide do castelo, João Gonçalves, na batalha de Aljubarrota (1385).
Sob o reinado de Dom João II, a rainha Dona Leonor escolheu a povoação e seu castelo para residir após o falecimento por acidente de seu filho único, o príncipe Dom Afonso, optando ainda (1494) pelas águas termais da região para tratamento da enfermidade que viria a vitimar aquele monarca.