Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Óbidos" - 16/05/2021
O sucessor de Dom João II, Dom Manuel I de Portugal doou um novo foral a Óbidos (1513), procedendo a importantes melhoramentos na vila e em seu castelo. É dessa fase, no século XVI, a reconstrução dos Paços do Alcaide pelo alcaide-mor Dom João de Noronha.
O terremoto de 1755 causou sérios danos na estrutura, por falta de dinheiro não pode ser reconstruído. No contexto da Guerra Peninsular, a fortificação de Óbidos disparou os primeiros tiros de artilharia na batalha de Roliça (1808), primeira derrota das tropas de Napoleão. Posteriormente registrou-se a adaptação da torre albarrã a Torre do Relógio (1842) e a construção de escada exterior de acesso à Torre de Dom Fernando (1869).
A partir de 1932, o conjunto sofreu as primeiras intervenções de consolidação, reconstrução e restauro a cargo da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que se estenderam pelas décadas seguintes até aos nossos dias, sendo o espaço do castelejo requalificado como Pousada do Castelo.
O castelo ergue-se na cota de 79 m acima do nível do mar, com planta no formato retangular irregular (orgânica), misturando elementos dos estilos românico, gótico, manuelino e barroco, distribuídos por duas zonas principais: a do castelejo (atual Pousada do Castelo, ou Pousada de Óbidos) e o bairro intra-muros.
O perímetro das muralhas, reforçadas por torres de planta quadrada e cilíndrica, alcança 1.565 m, totalmente percorrido por um adarve defendido por parapeito ameado. Em alguns trechos, as muralhas elevam-se a 13 m de altura. O troço este da muralha constitui o núcleo do muralhamento mais amplo que envolve o castelo e a vila, e que, prolongando-se por ambos os lados em direção ao sul por 500 metros, fecha o perímetro em ponta, na chamada Torre do Facho.
O acesso é feito por quatro portas e dois postigos, destacando-se a Porta da Vila ou Porta de Nossa Senhora da Piedade, encimada por uma inscrição, ali colocada pelo rei Dom João IV (1640-1656), e que reza: A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original. No seu interior encontra-se uma capela com varanda, revestida de azulejos do século XVIII.
O pelourinho da vila, erguido em granito. Apresenta em uma das faces o escudo com as armas reais e do outro o camaroeiro de Dona Leonor, que esta rainha doou à Vila em memória da rede em que os pescadores lhe trouxeram o seu filho morto num acidente de caça. Nele, no passado, eram expostos e castigados os delinquentes e criminosos.
O aqueduto da vila, com uma extensão de 3 km, unindo o monte da Usseira e o de Óbidos, mandado construir pela rainha Dona Catarina da Áustria, esposa de Dom João III (1521-1557) transportava a água que abastecia os chafarizes de Óbidos. O Cruzeiro da Memória, construído em comemoração da tomada de Óbidos aos mouros por Dom Afonso Henriques, assinala o local onde este montou acampamento antes de conquistar a Vila.