Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Sabugal" - 25/07/2021
Com relação à população da vila, oscilou significativamente no século XV: o “Rol dos Besteiros do Conto” aponta-lhe 5327 habitantes, ao passo que as "Inquirições" de 1496 indicam apenas 804 habitantes. O “Numeramento” de 1527 refere 1032 habitantes. Sob o reinado de Manuel I de Portugal, o castelo encontra-se figurado por Duarte de Armas no seu “Livro das Fortalezas” com duas vistas (do Norte e do Leste) e uma planta.
Neste período recebeu novas obras de beneficiação: o soberano desembargou 300.000 reais das rendas do Sabugal e de Alfaiates para se despenderem nas obras da vila do Sabugal em 11 de março de 1512, o mandado de Aires Botelho, contador das obras e dos resíduos das Comarcas da Beira e Riba de Côa, determina pagar-se a João de Ortega, mestre que tomou as obras da fortaleza do Sabugal de empreitada, 90.000 reais, terça parte do total das mesmas, conforme o seu contrato (17 de setembro de 1512).
Dispomos do conhecimento de paga do mestre-de-obras João de Ortega em como recebeu do almoxarife Luís do Mercado 90.000 reais por conta "das abóbadas da fortaleza que agora tem tomadas" em 20 de junho de 1513. As obras estavam concluídas em 1515, conforme inscrição epigráfica sobre o portão principal. Este soberano concedeu o Foral Novo à vila em 1 de junho de 1515. Posteriormente foram realizadas obras nos muros e cerca do Sabugal e de Alfaiates (4 de setembro de 1522).
No contexto da Guerra da Restauração (1640-1668) o castelo foi inspecionado pelo engenheiro militar neerlandês Joannes Cieremans, e depois pelo general Matias de Albuquerque, recebendo algumas obras de modernização em sua estrutura, bem como posteriormente edificada a chamada Torre do Relógio.
Ainda nesse contexto o poeta e cavaleiro Brás Garcia de Mascarenhas (1596-1656) esteve encarcerado na sua torre de menagem, aqui tendo composto o seu famoso poema épico “Viriato Trágico”. Deixou-nos ainda uma descrição do Castelo do Sabugal como sendo:
"De figura quadrada e acerca da vila redonda, sem nenhum descortino. Esta parece moderna, aquele antigo e do tempo dos mouros. Tem uma torre de cinco quinas altíssima, e no fecho da mais alta abóbada, pela parte de dentro, as quinas de Portugal. Do que se infere que esta torre e os baluartes que descortinam o castelo são obra de rei português, acrescentadas à cerca antiga, muitos padrastos.”