Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Porto de Mós" - 22/08/2021
Os abalos sísmicos sentidos em 1755 viriam a destruir uma parte do castelo. Posteriormente, em 1936, tem lugar a primeira intervenção de recuperação do monumento. Ao longo do tempo mais melhorias foram sendo feitas, sendo que a última, em 1999, permitiu ao castelo ostentar novamente o brilho que sempre lhe foi característico.
As suas poderosas linhas de arquitetura militar são suavizadas pela adaptação a residência senhorial feita nos séculos XV-XVI, conferindo-lhe uma invulgar graciosidade construtiva. Indeterminada é a fundação da vila de Porto de Mós, mas vestígios pré-históricos remetem-na para uma cronologia muito antiga.
Mais sólidas são as presenças materiais da romanização, visíveis nos panos de muralha do castelo medieval, com destaque para duas cantarias com inscrições latinas. Visigodos e muçulmanos aqui ergueram barreiras defensivas. Dom Afonso Henriques conquista esta praça-forte aos Mouros no decurso de 1148, nomeando seu alcaide Dom Fuas Roupinho - cavaleiro que se celebrizou no lendário episódio ocorrido no Sítio da Nazaré.
De acordo com a lenda, Dom Fuas Roupinho andava à caça e denso nevoeiro se levantou. Quando este se aproximava do abismo, uma poderosa força imobiliza o cavaleiro e sua montada, salvando-os de uma morte mais do que certa. O castelo voltou às mãos dos Árabes, mas o mesmo Dom Fuas Roupinho, após estratégica fuga, retoma-o em definitivo.
Novos assaltos da mourama assolaram a região, o que levou Dom Sancho I a realizar importantes obras de beneficiação. Maiores e mais decisivas foram as remodelações feitas no reinado de Dom Dinis. O 14 de agosto de 1385 aproximava-se. Dois dias antes, em pleno verão desse longínquo ano, um exército luso-britânico comandado por Dom João I e Dom Nuno Álvares Pereira repousava nas redondezas de Porto de Mós.
Iam deter o numeroso exército castelhano que se aproximava da região. O dia decisivo chegou e o confronto foi inevitável, dando-se nos campos de Aljubarrota. As armas nacionais obtiveram retumbante vitória. Em sinal de gratidão, a alcaidaria de Porto de Mós passaria para a posse de Dom Nuno Álvares Pereira, que, por testamento, a legou a sua filha e seu genro - os primeiros duques de Bragança.