Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Porto de Mós" - 29/08/2021
Dom Afonso, era um diplomata e militar culto e viajado, decidindo transformar a medieval fortaleza em residência palaciana, projeto que os descendentes do conde de Ourém mantiveram e engrandeceram. Contudo, a passagem inexorável do tempo e as catástrofes naturais danificaram com gravidade parte do castelo, particularmente a arruinada fachada virada a norte.
Os terremotos de 1755 e, em menor escala, o de 1909 contribuíram para estas graves mutilações, sustidas pelas obras de conservação e restauro levadas a efeito pela Direção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais. O castelo-palácio de Porto de Mós desenha uma planta irregular, apresentando em cada um dos seus ângulos uma torre defensiva.
As duas que se inserem no pano de muralhas virada a sul são coroadas por coruchéus piramidais verdes, estando as três restantes mutiladas. Os parapeitos das torres e cortinas do castelo são reforçados por contínua e elegante série de mísulas, embora não conservem já o seu remate ameado.
A fachada sul apresenta uma sublime combinação de elementos arquiteturais do gótico quatrocentista. Duas torres com janelas flanqueiam-na, dispondo-se no espaço entre ambas duplas varandas com abóbadas de aresta e composta por elegantes arcos conopiais misulados, interrompida ao centro por um saliente contraforte.
Vários elementos escultóricos enriquecem esta área e dependências palacianas anexas. No piso térreo rasga-se um amplo portal. Intramuros, observa-se um átrio arruinado que era formado por um pórtico com colunas e pilastras renascentistas, tendo ao centro os muros facetados da cisterna.
Portas e janelas retangulares e ogivais, bem assim como outros elementos construtivos e decorativos, denunciam a coexistência dos diferentes e contrastantes estilos gótico e renascentista, mas nem por isso deixando de revelar uma harmoniosa complementaridade.