Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Castelo Branco" - 26/09/2021
A torre de menagem, marcadamente ligada à tradição românica, era excêntrica em relação à entrada e estava francamente ligada a preocupações de vigilância para o lado oposto. No interior do castelo, fazendo a separação entre o primeiro e terceiro pátio, encontra-se a Igreja de Santa Maria do Castelo. Era uma igreja românica sem qualquer campanário e tinha os sinos na muralha, ao lado da entrada.
A invocação do templo a Santa Maria do Castelo era uma característica dos Templários. À época da Guerra da Restauração, sofreu danos diante da ofensiva espanhola, em 1648 e por eles, novamente, no contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (22 de Maio de 1704), quando perdeu parte das muralhas. Quando da Guerra dos Sete Anos a vila e seu castelo foram invadidos e saqueados por tropas franco-espanholas (1762), sendo restituídos apenas em virtude da assinatura do Tratado de Paris (1763).
Mais tarde, durante a Guerra Peninsular, a ofensiva francesa comandada por Jean-Andoche Junot (1807), causou severos danos ao castelo. Diante da destruição causada pelas tropas napoleônicas, a partir de 1821, registrava-se a retirada das pedras do castelo pelos habitantes para construção das suas moradias. Através de portarias, o poder público autorizou, em 17 de Junho de 1835, a demolição dos arcos das muralhas para o emprego das suas pedras em obras de utilidade pública.
Na ocasião foram demolidas a Porta da Vila, a Porta do Relógio e a Porta do Espírito Santo, sendo as pedras reutilizadas na construção da Ponte da Granja; E também em 1839, uma autorizando a venda de parte das pedras dos muros do castelo, telhas e madeiramentos do Palácio (9 de Março), e outra, autorizando a venda das telhas e do madeiramento (20 de Março).
Enfraquecida a estrutura, um violento temporal que se abateu na região fez desabar algumas das paredes da alcáçova e das muralhas (15 de Novembro de 1852). Ainda na segunda metade do século XIX, devido à iniciativa do Governador Civil Guilhermino de Barros, reconstroem-se alguns troços de muralhas e algumas das estruturas do Palácio. Em 1862, entretanto, é demolida a Porta do Postiguinho.
O processo de decadência prosseguiu no século XX, com o desabamento, em 1930, da última torre da muralha, ao qual se seguiu, em Março de 1936, a da torre no ângulo nordeste, também devido a uma tempestade. Ainda neste mesmo ano foi solicitada à Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) uma vistoria no local, que realizou a reconstrução da torre (1940), recriando algumas estruturas, como por exemplo, as janelas neo-manuelinas.