Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Palmela" - 05/12/2021
O impressionante domínio visual do castelo de Palmela, sobre os estuários do Tejo e do Sado, determinou desde cedo o rumo político-militar da fortaleza. O cerro de Palmela foi escolhido pelos líderes omíadas para a construção dessa sólida fortaleza e para a instalação da sua residência e das acomodações da guarnição, numa altura em que a instabilidade na região era grande.
O castelo de Palmela desempenhava, um papel estratégico na organização da vigilância e da defesa de toda a região inter-estuarina. As evidências do quotidiano da guarnição e dos governantes da praça, ao longo de cerca de 4 séculos, encontram-se não só nos elementos arquitetônicos mas também nas cerâmicas que usavam, nos restos alimentares, nos instrumentos, adornos e objetos de entretenimento, nas armas e projeteis com que guerreavam.
A fortificação do Castelo de Palmela ficou bastante debilitada depois desta investida muçulmana. A reconquista por parte do exército cristão só seria feita entre 1194 e 1205. A doação destas terras aos monges da Ordem Militar de Santiago foi mais uma vez feita. Várias obras de restauro foram feitas no castelo.
Só depois da Batalha de Navas de Tolosa em 1212, é que se marcou uma vitória decisiva para o exército cristão, e as antigas terras até Évora foram todas reconquistadas. Em 24 de Fevereiro de 1255, Dom Afonso III, confirmou à Ordem Militar de Santiago, mais precisamente ao seu Mestre, Dom Paio Peres Correia, os domínios cedidos inicialmente por Dom Sancho I. Estes domínios eram Alcácer do Sal, Palmela, Almada e a Arruda.
O sucessor de Dom Afonso III, Dom Dinis, mandou erguer no castelo a torre de menagem que defende a entrada principal do castelo. Esta torre foi construída sobre linhas góticas. O rei Dom João I mandou mais tarde fazer obras de ampliação e reforço no castelo em 1423, estas obras incluíam também a construção da Igreja e do Convento onde a Ordem Militar de Santiago se instalou definitivamente a partir de 1443.
No período que antecedeu a comemoração dos Centenários (1940) promoveu-se um conjunto de intervenções no Castelo, que consistiram no derrube de construções e em alterações nas janelas da Igreja de Santiago. As instalações do antigo convento foram requalificadas a partir de 1945 como pousada, integrando, a partir da década de 1970, a rede Pousadas de Portugal.
Desde o final do século XX têm tido lugar trabalhos de prospecção arqueológica no recinto do castelo, transformando-se alguns espaços em salas museológicas, áreas de serviços e de comércio.
Em 1971 o diretor de filmes, o espanhol Amando de Ossorio utilizou o castelo como um dos cenários do filme "La Noche del Terror Ciego". Em 2005 a SIC gravou no local um episódio da série juvenil Uma Aventura baseado no livro Uma Aventura no Castelo dos Ventos, de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães (escritora). O castelo encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de junho de 1910.