Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Terena" - 19/12/2021
Dom João II nomeou como Alcaide-mor da vila, Nuno Martins da Silveira (1482), nome associado a obras de reconstrução no castelo e senhor das terras de Góis, pequena vila da região de Coimbra. Essa campanha de obras prosseguiu nas primeiras décadas do século XVI, sob o reinado de Dom Manuel I vindo a ser completadas as obras na torre de Menagem que era também paço de alcaides.
Nesta fase, o castelo encontra-se figurado por Duarte de Armas. O risco da torre de menagem é atribuído aos famosos arquitetos do reino, Diogo e Francisco de Arruda (construtores da Torre de Belém, Aqueduto das Amoreiras ou da Sé de Elvas). No contexto da Guerra da Restauração da independência portuguesa, a posição defensiva do castelo foi preterida em detrimento da fortificação da Praça-forte de Elvas.
O castelo concentrou os esforços dos arquitetos militares. Embora por essa razão não tenha conhecido obras de modernização no período, mas tão somente de reforço, como o demonstra a Porta das Sortidas ou do Sol ou do Campo, voltada para a Espanha, a sua defesa veio a sofrer estragos sob ataque de tropas espanholas que ocupou por pouco tempo e saqueou o castelo e a vila de Terena.
Os séculos seguintes determinaram um progressivo abandono. A consolidação da estrutura chegou apenas no século XX, que incluiu a reconstrução de um pano de muralha e a reinvenção de ameias. Na década de 1980, realizaram-se diversos trabalhos na torre de menagem, de que importa destacar a reconstrução de abóbadas e uma série de adulterações aos elementos originais.
O castelo foi classificado como Monumento Nacional no século XX. Muralhas e torres do castelo de Terena estão fabricadas com granitos, mármores, quartzo e xisto numa mixórdia litológica, segundo planta pentagonal irregular, tem quatro torres de planta circular dispostas assimetricamente, apenas uma protegendo um ângulo da muralha.
A torre de menagem, com 15 metros de altura, foi também o paço dos alcaides, dos donatários Silveiras e que se supõe ser obra dos irmãos Arruda, com dois pisos, com aposentos escassamente iluminados, por troneiras cruzetadas. Em frente à torre, uma pequena barbacã forma um pequeno pátio de entrada retangular, cuja porta, granítica e de volta perfeita, tem capitéis decorados com bolas. Por seu lado a porta da cerca apresenta na sua decoração motivos de corda manuelinos.
Em lado oposto ao portão principal rasga-se na muralha a Porta do Campo. Entaipada durante as obras promovidas no final do século XVII, durante a Guerra da Restauração, apresenta ainda a primitiva estrutura dionisiana, em arco gótico, ladeada por dois torreões de planta circular. Da praça de armas sobem escadas ao largo da adarve ainda em parte protegido por merlões.
Sobre um terreno xisto, entulho de muitas gerações, constitui o chão da cerca castrense - um dia estudado por revelar muita coisa que esconde. A paisagem do adarve do castelo de Terena é magnífica com a barragem de Lucéfit e o monte do Deus Endovélico a clamarem por nós, em chamamentos místicos e a pouco agitada morfologia alentejana que é tão apaziguadora.