Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Silves" - 09/01/2022
A fortificação do Castelo de Silves ocupa uma área de cerca de 12.000 m², constituindo-se em um típico exemplar da arquitetura militar islâmica, erguido com o emprego de taipa, revestida com grés (arenito), material abundante na região e que lhe confere uma tonalidade avermelhada. A área urbana desenvolve-se pelas encostas nascente, sul e poente.
As habitações definiam ruas íngremes e irregulares que se estendiam até ao rio Arade. Foi construído na extremidade nascente do topo de um cerro com 56 m de cota máxima, junto à margem direita deste rio, onde o casario era entrecortado por ruas íngremes e irregulares. Nos lados norte e levante da elevação referida, as encostas, muito inclinadas, proporcionavam boas condições naturais de defesa.
O Castelo apresenta uma muralha com planta de forma poligonal irregular, composta por 4 torreões e 7 quadrelas, com ameias, ligados por uma cortina de muralhas com adarve, rematadas por ameias com seteiras, ocupando uma área plana. A fortificação islâmica ordenava dois grandes espaços.
A alcáçova, em posição dominante na cota mais alta do terreno, com muralhas ameadas, percorridas no topo por adarve, reforçadas onze torres de planta quadrangular, duas das quais albarrãs, comunicando-se com as duas por uma passagem elevada em arco.
O segundo espaço é a almedina, ligada à alcáçova através de uma porta protegida por duas poderosas torres. A sua muralha envolve a povoação, sendo rasgada por três portas, das quais apenas a Porta de Loulé nos chegou. Esta porta apresenta um passadiço duplo, com arcos de volta perfeita, protegido por uma torre albarrã. Acredita-se que a sua estrutura inferior seria em cotovelo.
Esta torre tem no seu interior duas salas e anexos onde, durante séculos, esteve instalada a Câmara Municipal e, desde 1983, os serviços da Biblioteca Municipal. É acedida por uma escada exterior, construída posteriormente, e pelos dois passadiços originais, no topo.
Junto a ela foram encontrados os vestígios do chamado "Palácio das Varandas", durante trabalhos arqueológicos de escavação de sondagem, coordenados por Rosa Varela Gomes. Quatro das torres, modificadas quando dos trabalhos de reconstrução promovidos no século XIV ou XV, apresentam portas em estilo gótico, salas abobadadas e pedras com as marcas dos pedreiros que as levantaram.
Na alcáçova destacam-se ainda, as duas cisternas:
- A principal, de dimensões monumentais, com abóbada apoiada por cinco arcos de volta inteira assentes em colunas quadradas. Segundo a tradição, a sua capacidade era suficiente para abastecer a povoação durante todo um ano.
- E a Cisterna dos Cães, com cerca de 70 metros de profundidade, ao que se crê, aproveitamento de um antigo poço de exploração de cobre da época romana.