Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Leiria" - 13/02/2022
Já no final do século XIX, por iniciativa da Liga dos Amigos do Castelo, que pretendia fazer um estudo do castelo e iniciar a sua reconstrução, o arquiteto Ernesto Korrodi elaborou um projeto de restauro das ruínas do castelo (em Zurique no ano de 1898), que foram classificadas como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910.
Finalmente, em 1915, a Liga iniciou as obras de restauro pleiteadas, com fundos próprios e o auxílio do poder público, através da Direção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Porém, este órgão não aceitou o nome do arquiteto suíço para a direção das obras, paralisadas no ano seguinte. De 1916 a 1921 começa-se com a consolidação das ruínas, melhoramento dos acessos e reconstrução da torre de menagem e da muralha.
Os trabalhos mais interventivos foram retomados, a partir de 1921, quando uma derrocada parcial nos muros lhes imprimiu caráter de urgência. O arquiteto Ernesto Korrodi foi finalmente nomeado diretor das obras, à frente de uma comissão sujeita à Direção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). O seu trabalho desenvolveu-se até 1934, quando ele saiu do projeto.
As obras, porém, prosseguiram na década de 1930, com base nos seus desenhos. As campanhas de recuperação foram retomadas pela Direção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) em meados da década de 1950, prosseguindo nas duas décadas seguintes. Entre 1955 e 1969 a igreja da Pena é recuperada, e do projeto também faz parte a reconstrução dos Paços Novos. Novas campanhas se sucederam a partir de meados da década de 1980, prosseguindo pela década de 1990.
O castelo encontra-se aberto à visitação pública, apresentando como destaque a torre, requalificada como espaço museológico, onde podem ser apreciados artefatos arqueológicos encontrados no local e armaria medieval.
Os estudiosos atribuem a atual configuração do Castelo de Leiria à soma de quatro grandes períodos construtivos: o Românico do século XII; o Gótico dionisino, da primeira metade do século XIV; o Gótico joanino, do início do século XV, e as correntes restauradoras de finais do século XIX e primeira metade do século XX.
Algumas das intervenções promovidas por Korrodi foram posteriormente desfeitas, considerando-se que o seu projeto pecava por excesso de romantismo, sem respeitar o real perfil (original) do monumento. Prova disso serão as falsas ruínas que ainda existem no pátio interior e perto da porta da traição.
O castelo apresenta planta poligonal irregular, marcada pela solidez de seu sistema defensivo (muros e torres) no interior do qual se destacam o Paço Real, a Igreja de Santa Maria da Pena e a Torre de Menagem. Defendida externamente por uma barbacã, a cerca é reforçada por torreões de planta quadrangular, a intervalos regulares.