Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Noudar" - 08/05/2022
O Castelo de Noudar, no Alentejo, localiza-se na antiga vila de mesmo nome, freguesia e município de Barrancos, distrito de Beja, em Portugal. Sentinela da raia com Espanha, ergue-se isolado em uma elevação escarpada dominando a planície circundante e a ribeira de Múrtega e de Ardila, na margem esquerda do rio Guadiana. Testemunhou, juntamente com os castelos de Alandroal, Moura, Serpa e Veiros, a ação da Ordem de Avis na região.
De acordo com os testemunhos arqueológicos as primeiras incursões humanas no local remontam à pré-história, sendo um território depois sucessivamente ocupado por Romanos, Visigodos e Muçulmanos. Foram estes últimos os responsáveis pela primitiva fortificação no local, por volta do século X ou XI, quando terá sido edificada uma pequena torre ou castelo em taipa, com a função de controlar o caminho que fazia ligação a Beja.
À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, nomeadamente desde 1167, a região foi conquistada pelas forças comandadas por Gonçalo Mendes da Maia, "o Lidador". Posteriormente, em 1253, a povoação recebeu foral do rei Afonso X de Castela, juntamente com outras localidades da margem esquerda do rio Guadiana, entre as quais Moura e Serpa, integrando o dote de sua filha, Dona Brites, aquando do seu casamento com Dom Afonso III nesse mesmo ano.
A povoação passaria definitivamente para a Coroa portuguesa pelo Tratado da Guarda (1295), que estabelecia a paz entre Dom Dinis (1279-1325) e Fernando IV de Castela. Em Dezembro desse mesmo ano, o soberano passou nova Carta de Foral à vila, cujos domínios foram doados posteriormente em 1303, à Ordem de Avis, com a condição de reconstruir o castelo, obras que ficariam concluídas em 1308, conforme duas inscrições epigráficas:
A primeira, datada de 1 de Abril de 1308, atualmente de paradeiro incerto, registra a atuação do Mestre de Avis, Dom Lourenço Afonso, na fundação do castelo e no povoamento da vila e a segunda, com bastantes dúvidas se terá sido redigida nesse mesmo ano, relata a ação do comendador Aires Afonso na edificação da torre de menagem.
À época de Dom Manuel I, encontra-se figurada por Duarte de Armas, onde se registra a existência de barbacãs circundando o castelo, ou seja, uma estrutura característica da arquitetura militar do século XV. A vila viria a receber do soberano, neste mesmo período, o seu Foral Novo (1513).