Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Noudar" - 15/05/2022
Sem que tivesse recebido obras de modernização, a povoação e seu antigo castelo estiveram na posse de tropas espanholas desde a Guerra da Restauração da independência portuguesa (1644), até à Guerra de Sucessão da Espanha (1707). O Castelo de Noudar e seu distrito seriam restituídos a Portugal (juntamente com a Colônia do Sacramento, na América do Sul) pelo Artigo V do segundo Tratado de Utrecht em 6 de fevereiro de 1715.
A vila de Noudar, seria extinta em 1825, iniciando-se então um lento processo de despovoamento, o que implicaria a mudança da sede municipal para Barrancos. No final do século, a edificação do castelo foi arrematada em hasta pública por um particular, João Barroso Domingues, importante proprietário de Barrancos, em 1893. As suas ruínas encontram-se classificadas como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910.
A intervenção do poder público fez-se sentir na década de 1980 por trabalhos de prospecção arqueológica sob a direção de Cláudio Torres, quando se procedeu à reconstrução da Igreja e de duas edificações, empregando-se as técnicas primitivas de construção, tendo sido apenas em 1997 que a autarquia conseguiria adquirir o monumento, desenvolvendo-se a partir de então, um novo projeto de investigação arqueológica que revelou testemunhos da presença islâmica no local.
Em 2021, a Câmara Municipal de Barrancos lançou o concurso público para a 1ª fase das obras de reabilitação das muralhas do castelo, com um valor base de 412.251,65 euros (+IVA). A primeira fase da obra vai incidir no troço nascente/norte da muralha. O castelo apresenta uma planta hexagonal, de eixo longitudinal noroeste-sudeste, onde se definem dois espaços: o da alcáçova e o da cerca da vila.
O primeiro é dominado pela torre de menagem, de planta quadrangular, com cerca de 18 metros de altura, coroada por ameias, defendendo a entrada do recinto. Possui duas portas de acesso a pavimentos distintos e, em seu interior, no segundo pavimento acessível através de uma escadaria de pedra, abre-se uma cisterna. De acordo com a iconografia de Duarte de Armas (1509), o seu interior era abobadado e provido de mais um aposento superior.
Ainda na Alcáçova, junto à torre de menagem, uma segunda cisterna, esta quatrocentista, apresenta arcos sustentando a abóbada. A cerca amuralhada é reforçada por uma dezena de torres e cubelos adossados, o principal dos quais protegendo a Porta da Vila. Em seu interior destacam-se a Igreja da Nossa Senhora do Desterro, reconstruída na década de 1980 e a Casa do Governador.