Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Noudar" - 22/05/2022
Lembrando antigas técnicas construtivas levantam-se, circundando o castelo, uma série de construções, de planta circular, muros em aparelho de pedra solta e cobertura de falsa cúpula, ligadas à pastorícia.
A lenda da serpente de Noudar: Entre as histórias que se registram localmente, de destacar a da serpente, onde se conta que, no interior do castelo habita uma serpente adornada por um monho (penteado característico de senhoras idosas) de trança na cabeça. Esta serpente, que seria uma princesa moura encantada, sairia apenas durante a noite.
A cronologia deste castelo aponta algumas datas importantes que destacamos aqui: Em 1167 - a povoação de Noudar é tomada aos mouros por Gonçalo Mendes da Maia. Em 1283 Dom Afonso X doa Noudar, Moura, Mourão e Serpa a Dona Beatriz, sua filha, mulher de Dom Afonso III, ficando estas vilas a pertencer à coroa portuguesa. Durante a luta que opôs Dom Afonso X a Dom Sancho, seu filho e herdeiro, Dona Beatriz coloca estas praças fronteiriças à disposição do exército de seu pai, mas acabam por ser tomadas pelos partidários do infante.
Em 1295 - após a assinatura do tratado de paz entre Dom Dinis e Dom Fernando IV, herdeiro de Dom Sancho, Noudar torna à coroa portuguesa e Dom Dinis outorga carta de foral a Noudar. Em 1308 Dom Dinis para incentivar o povoamento desta região, de extrema importância para a consolidação do reino por ser fronteiriça, toma as seguintes medidas: isenta os moradores da vila de serem penhorados ou constrangidos por dívidas, nas suas armas, cavalos e roupa de vestir; e concede mercê ao Mestre de Avis".
Em 1339 - Dom Diego Fernandez nobre castelhano da Ordem de Santiago cerca e toma o castelo. Em 1372 - pelo casamento de Dom Fernando com Dona Leonor Teles o castelo é devolvido a Portugal. Em 1385 - o castelo regressa à posse de Castela. Em 1386 - Assinatura do Tratado de Monção pelo qual as Praças de Noudar, Mértola, Castelo Mendo e Castelo Melhor regressam a Portugal em troca de Olivença e Tui.
Em 1406, Dom João I com o objetivo de reforçar o povoamento desta zona fronteiriça renova o estatuto de Couto de Homiziados a Noudar em 1509. Os desenhos de Duarte d'Armas registram o castelo com uma barbacã de planta irregular, adossada e parcialmente integrada a sudeste do muro da vila, este parcialmente arruinado e provido de torres quadrangulares também muito destruídas. Tal como os remates de merlões, a barbacã possuía dupla cintura de muralhas a nordeste e 2 torres retangulares a sudoeste uma das quais "no andar do muro" e outra com esbarro, ambas cobertas com telhado e integrando simultaneamente a muralha do castelejo.