Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Loulé" - 10/07/2022
Em comparação, as muralhas a cidade de Silves, que foi a capital da região durante o período islâmico, só encerravam uma área com mais dois hectares. Loulé poderá ter sido a povoação sem acesso ao mar no Algarve com a maior área intra-muralhas, durante o período islâmico.
A partir do século VIII, com a Invasão muçulmana da Península Ibérica, forma-se Al-Ulyã, referida, às vésperas da Reconquista cristã, nas crônicas de Ibne Saíde e Abd Aluhaid, como uma pequena almedina fortificada e próspera, pertencendo ao Reino de Niebla, sob o comando do Taifa Ibne Mafom. Dessa estrutura almóada resta-nos a torre albarrã, em taipa (a Torre da Vela).
O castelo de Loulé foi tomado pela primeira vez pelos cristãos durante o século XI, por forças de Dom Fernando, Rei de Leão. A cintura de muralhas poderá ter sido construída, ou pelo menos reforçada, durante o século XII, altura em que o território estava sob o controle do Califado Almóada.
Abertura moderna na muralha, na Travessa de Nossa Senhora do Pilar. Esta abertura situa-se a poucos metros de distância da antiga Porta de Faro. A cidade islâmica de al-Ulya foi uma das últimas na região a serem reconquistadas pelas forças cristas, tendo sido tomada em 1249 por Dom Paio Peres Correia, mestre da Ordem Militar de Santiago.
Um local junto a Loulé ficou conhecido como Cabeço do Mestre, por ter sido, segundo a tradição popular, o sítio do acampamento de Dom Paio Peres Correia e das suas tropas. No mesmo dia em que tinha montado o acampamento, terá sido atacado pelas forças islâmicas de Loulé no sítio dos Furadouros.
Segundo uma crônica da conquista do Algarve, citada por Ataíde Oliveira um grande número de cristãos pereceram junto às muralhas, durante a batalha para a conquista da cidade. A conquista de Loulé fez parte de uma campanha militar de Dom Afonso III para libertar o Algarve do domínio islâmico, tendo nesse ano sido igualmente reconquistadas as povoações de Silves, Albufeira, Porches e Faro.
Após a reconquista, as populações islâmicas na região refugiaram-se em grande número nas costas mediterrâneas da África, deixando muitos dos centros urbanos no Algarve em ruínas e desabitados. De forma a promover o repovoamento da região, Dom Afonso III ordenou a reconstrução das povoações e deu grandes benefícios aos habitantes. No caso de Loulé, a povoação não terá sido muito atingida pelo processo da reconquista, uma vez que o monarca só ordenou a sua reconstrução cerca de 17 anos depois.
Dom Afonso III concedeu o foral a Loulé em 1266 ou 1267, e ofereceu aos residentes da vila os mesmos direitos que tinha dado aos de Faro, Silves e Tavira. Também ordenou a realização de obras de reconstrução e ampliação do castelo, passando a ser composto por uma torre de menagem e uma muralha com seis portas, permanecendo algumas destas, incluindo a Porta de Faro, ainda com vários vestígios das estruturas islâmicas primitivas.