Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Loulé" - 17/07/2022
As dimensões da nova cintura de muralhas, e o grande número de portas indica que Loulé teria continuado a ter um considerável número de habitantes. Com efeito, um documento de Dom Afonso III, com a data de 1266, registra a presença de várias igrejas, o que indica que já residia um grande número de cristãos em Loulé. Elevada a sede de concelho pelo foral de 1266, Dom Dinis doou a povoação e seus domínios à Ordem de Santiago (em 1280), dotando-a posteriormente de uma grande feira, com duração de quinze dias, no mês de Setembro (em 1291).
Entre 9 e 12 de abril de 1359, ficou registrada a estadia de Dom Pedro I na alcaidaria do castelo. No contexto da crise de 1383-1385, a vila também enfrentava dificuldades, conforme o testemunho do Camareiro-mor João Afonso, segundo o qual Loulé estava bastante despovoada, o seu castelo estava ermo de muralhas e no seu interior existiam bastantes pardieiros. Reporta ainda que corria no Concelho a notícia de que as forças de Castela se preparavam para entrar em Portugal.
Diante da gravidade da informação e para precaver um eventual ataque, a Vereação decidiu reparar a torre que encimava a Porta de Faro e levantar as muralhas e ameias do flanco sul da cerca da vila. Sensível a este estado de coisas, Dom João I concedeu privilégios especiais à população do termo da Vila para habitar o interior da Cerca e doou o pardieiro em frente à Igreja de São Clemente, para construção de um adro.
Com o ciclo dos Descobrimentos portugueses, a região do Algarve, vivenciou um novo surto de crescimento econômico, do qual também Loulé se beneficiou, exportando vinho, azeite, frutas e peixes secos e sal. Graças a esses recursos, a partir de 1422, as muralhas do castelo foram reedificadas por Dom Henrique de Meneses, 1º conde de Loulé.
O rei Dom Afonso V concedeu a Dom Henrique de Meneses o título de Conde de Loulé e o senhorio da vila. Este ordenou a reconstrução das muralhas, tendo alegadamente sido descobertas estruturas de origem romana durante as obras, mas os relatos não são fiáveis devido à sua imprecisão. Os trabalhos de reconstrução foram feitos em 1422 ou 1462.
Posteriormente o senhorio passou para o Conde de Marialva, Francisco Coutinho, que depois o ofereceu à sua filha, Guiomar Coutinho, como dote pelo seu casamento com o Infante Dom Fernando, filho do rei Dom Manuel. Em 1501, ou 1504, aquele monarca concedeu um novo foral a Loulé. Como não sobreviveram quaisquer descendentes deste casamento, o senhorio de Loulé passou a fazer parte da coroa, na qual permaneceu até que foi entregue aos Condes de Vale de Reis. Em 29 de Janeiro de 1573, o rei Dom Sebastião passou a noite na alcaidaria do castelo.