Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Tomar" - 07/08/2022
Em 1190, os mouros forçaram a porta do Sul e penetraram na cerca exterior. A defesa dos Templários foi de tal forma encarniçado que a porta de assalto ficou conhecida como Porta do Sangue. Diante da extinção da Ordem pelo Papa Clemente V, o rei Dom Dinis acautelou a posse dos bens dela no reino. Para melhor administrá-los, criou a Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo em 1321, inicialmente com sede em Castro Marim, no Algarve, transferindo-lhe o patrimônio da antiga Ordem.
Poucos anos mais tarde, entretanto, a sede da nova ordem foi transferida para Tomar (c. 1338). O Infante Dom Henrique, na qualidade de Governador da Ordem de Cristo, terá tido residência no Castelo de Tomar. Posteriormente, o castelo foi objeto da atenção de Dom Manuel e de Dom João III através de obras de restauração e reforço, quando foi ampliado o Convento de Cristo.
Por ordem do primeiro, a população intra-muros foi obrigada a transferir-se para a vila, junto ao rio (1499); posteriormente, na primeira metade do século XVI, os Paços da Rainha foram ampliados, desenvolvendo-se as obras no sentido setentrional, entre a Charola e a Alcáçova.
Escasseiam, a partir de então as informações sobre este conjunto defensivo: em 1618, demoliu-se a torre Noroeste para se ampliar a entrada no recinto do castelo, que chegou aos nossos dias relativamente bem conservado. A vila de Tomar foi elevada à categoria de cidade por alvará de Dona Maria II, em 13 de Fevereiro de 1844.
O castelo encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910, e como Patrimônio da Humanidade, pela Assembleia Geral da UNESCO de 27 a 30 de Junho de 1983. Em 1973 foram procedidos trabalhos de restauro no piso do adarve no troço de muralha entre a Porta do Sol e a Torre da Rainha e, mais recentemente, em 1986, trabalhos de consolidação das muralhas junto à Porta do Sangue.
O castelo apresenta elementos de arquitetura militar nos estilos românico, gótico e renascentista. Alguns autores apontam a presença de vestígios indicativos de uma estrutura militar anterior, que poderia remontar à época romana e que teria perdurado até à época islâmica, referindo a presença, no aparelho dos muros, de algumas placas decorativas, de cronologia visigótica ou moçárabe, provavelmente oriundas do sítio de Santa Maria dos Olivais, à margem esquerda do rio Nabão.