Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Alegrete" - 02/10/2022
O Castelo de Alegrete localiza-se na freguesia de Alegrete, município de Portalegre, no distrito de mesmo nome, em Portugal. Estrategicamente postada, constituiu-se numa das mais importantes fortificações do Alto Alentejo raiano, peça fundamental no sistema defensivo da região na Idade Média. Atualmente, apresenta potencial para constituir-se em importante polo de atração turística para uma região que se ressente da sua interioridade.
O Castelo de Alegrete está classificado como Monumento Nacional desde 1946. Embora a primitiva ocupação humana de seu sítio seja obscura, acredita-se que remonte à época dos Lusitanos, sucedidos pelos Romanos, pelos Vândalos, pelos Alanos até à Invasão muçulmana da Península Ibérica, a partir do século VIII.
À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a povoação e sua defesa foram conquistadas pelas forças de Dom Afonso Henriques, segundo a tradição, em 1160. Entretanto, as primeiras informações documentais a seu respeito datam do século XIII, uma vez que, pelos termos da Convenção de Badajoz (16 de Fevereiro de 1267), assinada entre Afonso III de Portugal (1248-1279) e seu sogro, Afonso X de Castela, a povoação de Alegrete e seu castelo foram definitivamente incorporados ao território de Portugal.
O soberano português procedeu-lhe reparos e reforços, obras que se estenderam até ao reinado de Dom Dinis, quando a povoação recebeu a sua Carta de Foral em 1319. No contexto da crise de 1383-1385, a povoação e seu castelo tomaram partido pelo Mestre de Avis, tendo sido acampamento das forças portuguesas sob o comando do Condestável Dom Nuno Álvares Pereira (8 de Abril de 1384), vitoriosas contra Castela na batalha dos Atoleiros.
No reinado de Dom Afonso V , foi conquistada pelas tropas de Castela em 1475. De volta à posse portuguesa, a povoação recebeu, a 14 de Fevereiro de 1516, o Foral Novo de Dom Manuel I. Quando da crise de sucessão de 1580, a posição do antigo castelo medieval readquiriu importância estratégica, na primeira linha de defesa raiana. Mais tarde, à época da Guerra da Restauração da independência portuguesa, Dom João IV recompensou Matias de Albuquerque por serviços prestados concedendo-lhe o título de conde de Alegrete.
No mesmo contexto, conta-se que, em 1662, estando a praça de Alegrete guarnecida por duas companhias de infantaria sob o comando de La Coste, cercada pelas tropas espanholas sob o comando de Dom João de Áustria, aquele governador da praça remeteu ao comandante invasor duas botijas do generoso vinho da região, com uma nota comunicando que a guarnição portuguesa resistiria até à última gota daquela bebida ali produzida. Diante deste gesto de galanteria, afirma-se que o invasor levantou o cerco à praça, retirando-se.