Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Longroiva" - 13/11/2022
O Castelo de Longroiva, na Beira Interior, localiza-se na freguesia e povoação de Longroiva, município de Meda, distrito da Guarda, em Portugal. Castelo fundado durante a Reconquista e doado à Ordem do Templo em meados do séc. 12, que o reformou e construiu a torre de menagem, em 1174, sendo posteriormente remodelado e ampliado, nos séc. 15 e 16, e amputado e alterado no séc. 19.
Do primitivo castelo, provavelmente construído no séc. 10, por iniciativa condal, não subsistem estruturas, dada a grande instabilidade militar na região e às vicissitudes por que passou, ainda que existam desse período sepulturas antropomórficas junto à torre. De fato, Longroiva foi um dos dez castelos doados ao Mosteiro de Guimarães, por Dona Flâmula Rodrigues, em 960.
O Castelo foi tomado durante a grande investida de Almansor, no final da centúria, para ser recuperado definitivamente pelas forças cristãs de Fernando o Magno, no séc. 11. Regressado à posse do Mosteiro, em 1059, passa depois a particulares, no séc. 12, da esfera de familiares de Dom Afonso Henriques que, finalmente, o doam à Ordem do Templo.
Inicialmente, enquanto no domínio dos Templários, desempenhou um papel importante na defesa da fronteira leste de Portugal com o reino de Leão e Castela, articulando-se com os castelos de Mogadouro, Penas Róias, também dos Templários, de Algoso, da Ordem do Hospital e do Outeiro, da Coroa, todos na margem norte do rio Douro.
Posteriormente perde importância estratégica. Mário Barroca considera o castelo de Longroiva como um bom exemplar românico, com recinto muralhado, integrando ao centro a torre de menagem. Desconhece-se a planimetria do antigo recinto, já que a atual planta trapezoidal, de quatro faces, resulta das obras oitocentistas de adaptação a cemitério.
Altura em que se cortou o recinto, pelo menos na frente norte, mantendo a antiga frente sul e poente, em alvenaria de pedra, sem remate nem adarve, já que a zona superior é nova, depois da demolição do paço do comendador, deixando o acesso à torre fora do recinto.
A torre de menagem apresenta planta retangular, com paramentos aprumados em cantaria siglada, de três pisos, o primeiro correspondendo à cisterna, e os outros sobradados, rasgados por seteiras retilíneas e com acesso a norte, por portal sobrelevado, em arco de volta perfeita.
Constitui uma das torres de menagem mais antigas e datadas, associadas aos Templários, e a primeira, até agora conhecida em Portugal, a utilizar o hurdício, ou seja, uma galeria de madeira exterior, no topo dos paramentos, junto ao remate ameado, que se apoiava nos orifícios quadrangulares dispostos regularmente que conserva, permitindo tiro vertical sobre a base dos muros.