Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Marialva" - 08/01/2023
À época da Restauração da independência portuguesa, o antigo castelo sofreu nova campanha de obras, quando um baluarte foi adossado aos muros. Nesse período, Dom Afonso VI elevou a vila à condição de marquesado, cujo título foi concedido a António Luís de Meneses, nomeado conde de Cantanhede em reconhecimento pelos serviços prestados na Guerra da Restauração, em particular em Elvas e em Montes Claros.
As "Memórias Paroquiais de 1758" referem que, no início do século XVIII, as muralhas, as quatro torres e as quatro portas, se encontravam em perfeito estado. Entretanto, na segunda metade do mesmo século a situação se inverteu: a tentativa de regicídio contra Dom José I, em 1758, causou profundas repercussões na vila de Marialva, uma vez que era seu alcaide à época, o marquês de Távora, um dos principais implicados no atentado.
A partir do sentenciamento da família em Lisboa, no ano seguinte, a população da vila passou a abandoná-la, resumindo-se os seus moradores à área extramuros dos arrabaldes a Oeste e da Devesa, no sopé da encosta a Sul hoje o local mais desenvolvido de Marialva.
Apenas no final do século XX é que este conjunto arquitetônico despertou o interesse público, tendo sido classificado como Monumento Nacional através do Decreto de 12 de setembro de 1978. A formalização de um protocolo entre o IPPC e a Câmara Municipal de Meda (1986), possibilitou a realização de obras de recuperação e beneficiação no conjunto monumental.
O conjunto, atualmente bastante arruinado, foi estruturado em função do dispositivo militar, compreende dois núcleos amuralhados: a cidadela, pólo militar situado na cota mais elevada do terreno, integrada pela torre de menagem, três torres defensivas e que se comunica com a vila por duas portas.
O núcleo civil ou urbano, no qual se identificam dois polos distintos: o administrativo, que compreende o pelourinho a antiga Casa da Câmara, o Tribunal e a Cadeia e o religioso, integrado por duas igrejas e um cemitério.
A ampla muralha do castelo, em alvenaria de granito (abundante na região) compreendia o recinto urbano medieval (a antiga vila ou burgo) e apresenta planta ovalada irregular orgânica (adaptando-se à conformação do terreno).
Nela se inserem quatro portas que estabelecem a comunicação com o exterior: 1º Porta do Anjo da Guarda - em arco quebrado encimada por abóbada de berço quebrado, comunicando com a malha urbana extramuros. 2º Porta do Monte ou Porta da Forca - em arco quebrado pelo interior e arco-pleno pelo exterior, encimada por abóbada de berço quebrado, comunicando com a zona mais elevada. 3º Porta de Santa Maria - em arco-pleno encimada por abóbada de berço, comunicando com a Devesa. 4º Postigo - em arco-pleno encimada por abóbada de berço.