Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Faria" - 19/03/2023
Esses castros foram colocados a descoberto os remanescentes da torre de menagem de Dom Dinis e de outra, de Dom Fernando, incluindo todo o sistema defensivo composto pelo circuito da muralha e pela barbacã, evidenciando uma evolução construtiva que, durante a Idade Média aproveitando parte das muralhas existentes, foi ampliada com o acréscimo de novas.
O espólio reunido nestas campanhas, composto por esporas de roldana, estribos, pomos de espadas, fivelas, fragmentos de malhas metálicas, pontas de virotão, entre outros, constitui um dos mais importantes núcleos nacionais de armamento medieval.
Em 1978 tiveram lugar projetos de limpeza, orientados pelo Campo Arqueológico da Universidade de Braga. O castelo encontra-se implantado em ambiente rural, na cota de 250 metros acima do nível do mar, no flanco noroeste do monte da Frasqueira, entre densa mata de pinheiros, em posição dominante sobre o rio Cávado.
O sítio arqueológico de Faria compreende três linhas de muralhas que identificam claramente um castro da Idade do Ferro. A muralha exterior, em direção ao leste, e antes da entrada na estrada que liga Franqueira à freguesia de Milhazes, contou com uma grande trincheira. Entre esse muro e o próximo, intermediário, existem, para leste, os remanescentes de dez edificações castrejas, circulares e ovais, algumas apresentando inclusive vestíbulo e lareira.
Para o leste ainda, em ambos os lados dessa segunda muralha, encontram-se os vestígios de edifícios circulares e retangulares. No interior do pátio superior, isolada ao centro da praça de armas do castelo medieval, ergue-se a torre de menagem, com planta retangular, em estilo românico, à qual se adoçam os restos das paredes do chamado "Palácio do Alcaide".
Durante o reinado de Fernando I de Portugal (1367-1383), quando da II Guerra com Castela, a fronteira norte de Portugal foi invadida. As forças do soberano de Castela avançavam por Viseu rumo a Santarém e Lisboa, quando uma segunda coluna, vindo da Galiza penetrou pelo Minho. Saíram-lhe ao encontro forças portuguesas oriundas do Porto e de Barcelos, entre as quais se incluía um destacamento sob o comando de Nuno Gonçalves de Faria, alcaide do Castelo de Faria. Travando-se o encontro na altura de Barcelos, caíram as forças portuguesas, sendo capturado o alcaide de Faria.
Com receio de que a liberdade de sua pessoa fosse utilizada como moeda de troca pela posse do castelo, guarnecido pelo seu filho, concebeu um estratagema. Convencendo o comandante de Castela a levá-lo diante dos muros do castelo, a pretexto de convencer o filho à rendição, utilizou a oportunidade assim obtida para exortar o jovem à resistência, sob pena de maldição.
Morto pelos espanhóis diante do filho, pelo ato corajoso, o castelo resistiu invicto ao assalto. Vitorioso, o filho, tomou o hábito, vindo o castelo a ser sucedido por um mosteiro. O episódio foi originalmente narrado por Fernão Lopes e imortalizado por Alexandre Herculano na obra "Lendas e Narrativas".