Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Beja" - 09/04/2023
O Castelo de Beja, no Alentejo, ergue-se sobre a cidade, município e distrito de Beja, em Portugal. O Castelo de Beja está classificado como Monumento Nacional desde 1910. Embora a primitiva ocupação humana do seu sítio remonte à pré-história e esteja mencionada nos escritos de Ptolomeu e de Políbio, em meados do século II a.C., a sua fortificação data da Invasão romana da Península Ibérica, plausivelmente, devido à importância adquirida no cenário regional.
Foi este o local escolhido por Júlio César para formalizar a paz com os Lusitanos (49 d.C.), após o que passou a denominar-se Pax Julia, vindo a sediar uma das três jurisdições romanas da Lusitânia. Acredita-se que os muros de defesa romanos remontem entre o século III e o século IV. Essa relevância económica e estratégica de Beja manteve-se à época dos Suevos, dos Visigodos, bem como sob a ocupação Muçulmana.
À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, Beja foi inicialmente conquistada pelas forças de Dom Afonso Henriques em 1159, para ser abandonada quatro meses mais tarde. Foi reconquistada de assalto-surpresa, por uma expedição de populares vindos de Santarém, em princípios de Dezembro de 1162.
Nos anos que se seguiram, posteriormente à derrota daquele soberano no cerco de Badajoz (1169), o cavaleiro Gonçalo Mendes da Maia - o Lidador, já nonagenário, perdeu a vida na defesa das muralhas de Beja. Dada a falta de informações sobre o período posterior a essa data, os estudiosos acreditam que a grande ofensiva almóada de Iacube Almançor até ao rio Tejo, após ter reconquistado Silves, terá compreendido, também, a reconquista de Beja.
Permaneceu em poder dos cristãos apenas Évora, em todo o Alentejo. Supõe-se ainda que a povoação teria retornado a mãos portuguesas apenas entre 1232 e 1234, época em que as vizinhas Moura, Serpa e Aljustrel, documentadamente, também retornaram.
A primeira restauração dos muros de Beja data do reinado de Dom Afonso III, que as fez iniciar a partir de 1253, custeados, ao longo de dez anos, por dois terços dos dízimos cobrados pelas igrejas de Beja. No ano seguinte (1254), a povoação recebeu o seu foral nos mesmos termos do de Santarém, confirmado em 1291 no reinado de seu filho, Dom Dinis. Este, por sua vez, prosseguiu as obras de reconstrução, reforçando e ampliando as muralhas e torres (1307) e iniciou a construção da torre de menagem (1310).