Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Serpa" - 04/06/2023
À época da crise de 1383-1385, a vila e seu castelo tomaram partido pelo Mestre de Avis, tendo servido como base de operações para as tropas portuguesas em diversas incursões no território castelhano. Nas Cortes de 1455, os habitantes de Serpa pleitearam que, para remédio do decréscimo da população, causado pelas guerras e pelas pestes, Dom Afonso V concedesse aos futuros moradores o privilégio da isenção, quase que integral, durante vinte anos, de serviços militares ou municipais. O soberano, entretanto, limitou essa concessão aos estrangeiros e reduziu para dez anos o prazo originalmente reclamado.
Sob o reinado de Dom Manuel I, Serpa e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (no Livro das Fortalezas), onde pode ser apreciada a dimensão da obra dionisina: um castelo com os muros amparados por torreões de planta cilíndrica e quadrangular, dominado por uma imponente torre de menagem; a seus pés, a vila envolvida por uma muralha dupla também reforçada por torres. O soberano concedeu o Foral Novo à vila em 1513, tendo concedido o domínio da povoação e seu castelo a seu filho, o infante Dom Luís, duque de Beja.
Durante a Crise de sucessão de 1580, fracamente guarnecidas, Serpa e seu castelo caíram diante das tropas espanholas sob o comando de Sancho d’Ávila (em 1580). No momento da Restauração da Independência de Portugal, dos primeiros a hastear o pendão de Portugal, os domínios da vila e seu castelo foram doados por Dom João IV (1640-1656) ao Infante Dom Pedro (1641), incorporando-se à Casa do Infantado.
Configurando-se a Guerra da Restauração, à semelhança de outras praças na região fronteiriça, também essa sofreu obras de modernização, com projeto a cargo do arquiteto Nicolau de Langres que, entretanto não foram concluídas. A projetada fortaleza abaluartada que deveria defender a povoação foi apenas parcialmente executada, materializada no Forte de São Pedro de Serpa, concluído em 1668.
Ocupada durante a Guerra de Sucessão da Espanha, fez-se explodir o seu paiol de pólvora, destruindo-se uma das torres, na sequência da retirada das forças espanholas sob o comando do duque de Ossuna. Arruinada pelo tempo, em 1870 registravam-se grandes desmoronamentos na alvenaria das muralhas e torres. Em 1958 iniciaram-se trabalhos de consolidação do troço do aqueduto junto à Porta de Beja.
Posteriormente, em 1973 foram adquiridos imóveis para demolição e desobstrução de novos troços das muralhas, bem como foram procedidos trabalhos de recuperação do troço existente à rua das Varandas, que prosseguiram no ano seguinte com a consolidação de troços junto à Porta de Moura e o reboco da Torre do Relógio. Nova campanha de reparação no troço de muralhas na rua das Varandas teve lugar em 1977, sucedendo-se, na década de 1980 (até 1988), novas intervenções na zona do castelo.