Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Trancoso" - 16/07/2023
O Castelo de Trancoso localiza-se na Beira Interior, na freguesia de Trancoso (São Pedro e Santa Maria) e Souto Maior, cidade e município de Trancoso, distrito da Guarda, em Portugal. Ergue-se sobre um planalto na região Nordeste da Beira, vizinho à nascente do rio Távora, afluente do rio Douro, e ao Castelo de Penedono, distante cerca de cinco léguas, com o qual compartilha caraterísticas comuns.
Desde o século XII, época da constituição da nacionalidade portuguesa, a povoação e seu castelo adquiriram importância estratégica na raia com o Reino de Leão, a par de outras localidades como a Guarda e a Covilhã. Posteriormente constituir-se-ia em domínio da família dos Coutinho. Atualmente constitui-se em ex-libris da cidade, atraindo milhares de turistas anualmente.
O Castelo de Trancoso está classificado como Monumento Nacional desde 1921. Não existem informações acerca da primitiva ocupação humana do sítio de Trancoso, que se acredita remonte à pré-história. Outros autores consideram raízes romanas, identificando paralelos com a evolução arquitetônica do vizinho Castelo de Penedono.
A primitiva edificação que originou o castelo – uma torre defensiva - remonta à época da Reconquista cristã da Península Ibérica quando, no início do século X, a região foi ocupada e seu repovoamento promovido por Rodrigo Tedoniz. Tendo passado por herança a sua filha, Chamôa Rodrigues (ou Flâmula Rodrigues), sobrinha de Mumadona Dias.
A primeira referência documental a um castelo em Trancoso remonta à doação testamentária desta, juntamente com outros castelos e penelas na região, como o Castelo de Moreira de Rei, Castelo de Terrenho e o Castelo de Cótimos (hoje não passível de identificação), ao Mosteiro de Guimarães, em 960.
Suportou, juntamente com os seus vizinhos, por cerca de um século, as instabilidades da oscilação das fronteiras entre cristãos e muçulmanos, até à reconquista definitiva das terras de Entre-Douro-e-Mondego por Fernando Magno, que compreendeu as terras de Trancoso em 1057 ou 1058.
Quando da constituição do Condado Portucalense, a povoação e seu castelo fizeram parte do dote da condessa Dona Teresa. Posteriormente, à época da Independência de Portugal, no contexto da ofensiva muçulmana que cercou e conquistou Leiria, ao final de 1139, uma outra coluna muçulmana adentrou a Beira, alcançando Trancoso que foi saqueada e seu castelo assediado (1140).
Graças à pronta ação das forças de Dom Afonso Henriques, a ameaça foi repelida. Acredita-se que foram procedidos, à época, reforços nas defesas, uma vez que a região foi assolada pelos muçulmanos até 1155, quando lhe foi passado foral pelo soberano.