Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Trancoso" - 23/07/2023
O castelo seria comprovadamente fundado em 1159, sendo referido um novo foral em 1173, quando os domínios da povoação e seu castelo foram doados à Ordem do Templo. Esta etapa construtiva românica transformou a primitiva torre moçárabe em torre de menagem, dotando-a de uma muralha defensiva.
Sob o reinado de Sancho I de Portugal, este soberano confirmou o foral (1207), sendo atribuído ao de seu filho e sucessor, Dom Afonso II a construção da cerca da vila, que se expandia. Quando da questão da sucessão de Sancho II de Portugal, a povoação e seu castelo sofreram dificuldades até passarem para as mãos do regente indicado pelo Papa Inocêncio IV, o infante Dom Afonso, futuro rei Afonso III de Portugal (1248-1279).
Deste momento a tradição local refere que, em 1248, estando Dom Sancho II em retirada para o exílio em Castela, escoltado por forças de Afonso X de Castela que haviam vindo a Portugal apoiá-lo, havendo sido derrotadas nas imediações de Leiria, ao passarem por Trancoso, saiu-lhes do castelo ao encontro Fernão Garcia de Sousa.
Este cavaleiro desafiou para um duelo singular a Martim Gil de Soverosa, cavaleiro de Dom Sancho II, declarando que a sorte do duelo decidiria a do castelo. O soberano deposto, entretanto, opôs-se ao combate, recolocando-se em marcha, passando o Castelo de Trancoso ao domínio de Dom Afonso III.
Dom Dinis aqui recebeu por esposa Dona Isabel de Aragão, a Rainha Santa (24 de Junho de 1282), vindo a integrar os castelos que o soberano lhe outorgou como dote. Dentro do contexto da assinatura do Tratado de Alcanices (1297), foi também o responsável pela ampliação da cerca da vila, amparada por diversos torreões de planta retangular.
Nesta etapa construtiva destaca-se a construção das monumentais Porta de El-Rei e Porta do Prado, e a reformulação da malha urbana, considerada como um dos melhores exemplos do urbanismo gótico no país. No contexto da crise de 1383-1385, ao final da Primavera de 1385, os arrabaldes de Trancoso foram saqueados por tropas Castelhanas a caminho de Viseu.
Ao retornarem com o esbulho, saiu-lhes ao encontro o Alcaide de Trancoso, Gonçalo Vasques Coutinho, com as forças do Alcaide do Castelo de Linhares, Martim Vasques da Cunha e as do Castelo de Celorico, João Fernandes Pacheco, ferindo-se a batalha de Trancoso, no alto da Capela de São Marcos (Junho de 1385).
No mês seguinte, uma nova invasão de tropas castelhanas, sob o comando de Dom João I de Castela em pessoa, volta a cruzar a fronteira por Almeida e, de passagem pelo alto de São Marcos, incediou-lhe a Capela em represália. Já Dom João I (1385-1433) reforçou a sua defesa durante as guerras com Castela, diante das invasões da Beira em 1396 e 1398.