Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Celorico da Beira" - 17/09/2023
O padre Carvalho da Costa, em 1712, referiu que D. Manuel havia doado a povoação a seu aio, D. Diogo da Silva, 1º conde de Portalegre, conservando-se nesta família até ao falecimento de D. João da Silva, marquês de Gouveia, quando retornou à posse da Coroa. Em 1762, sendo seu alcaide-mor Manuel Caetano Lopes de Lavre, foi assaltado, saqueado e depredado por tropas espanholas.
No início do século seguinte, no contexto da Guerra Peninsular, foi utilizado como aquartelamento de tropas. Possuía quartéis, cisterna e aqueduto, que se comunicavam por um passadiço com o Poço d'El Rei (1808). Em 1810, serviu como quartel às tropas luso-britânicas, que ademais, mantinham um hospital de campanha nas dependências da vizinha Igreja de Santa Maria.
Com a paz, diante do crescimento da malha urbana, foram demolidos progressivamente, ao longo do século XIX, diversas das estruturas defensivas, como a cerca exterior, a torre de menagem e mesmo parte dos muros do castelo, tendo a sua pedra sido vendida pela Câmara Municipal, para a execução de obras de pavimentação (1835). Do mesmo modo, também foi demolido o passadiço (1857).
No século XX, o castelo foi classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 16 de junho de 1910. Entre 1936 e 1941, a Direção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais procedeu-lhe os primeiros trabalhos de consolidação e restauro, renovados na campanha de 1972-1973 quando, entre outros trabalhos, foi recuperada a hoje chamada torre de menagem.
Finalmente, nos anos de 1981-1982 e 1986, aquele órgão executou trabalhos ligados à iluminação exterior do monumento. Já entre 1996 e 2001, o Instituto Português do Património Arquitetônico procedeu-lhe trabalhos de prospecção arqueológica e obras de valorização.
Embora atualmente não mais exista a cerca da vila, desaparecida desde o século XVIII, da qual subsiste apenas a chamada Torre do Relógio, observa-se ainda a cerca amuralhada do castelo, delimitando a cidadela, reforçada a oeste por cubelos. O topo da muralha é percorrido por adarve e em seus panos rasgam-se duas portas, comunicando com a parte histórica da vila. Castelo de montanha, erguido na cota de 550 metros acima do nível do mar, apresenta planta no formato oval irregular, onde se identificam elementos do estilo românico e do estilo gótico.