Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Mértola" - 01/10/2023
O Castelo de Mértola localiza-se na freguesia, vila e município de Mértola, distrito de Beja, no Alentejo em Portugal. Em posição dominante sobre a povoação, na confluência da ribeira de Oeiras com a margem direita do rio Guadiana, controlava a travessia deste último. Atualmente integra a Região de Turismo Planície Dourada. Em meados do século XX, as ruínas do antigo castelo foram classificadas como Monumento Nacional, tendo sido efetuadas posteriormente obras de reparação.
Castelo gótico erguido no final do século 13, pelos cavaleiros da Ordem de Santiago para servir de sede ao ramo nacional da ordem logo após a sua autonomização face a Castela, sucede cronologicamente a estruturas castrejas: um reduto da Idade do Ferro, um "castellum" romano e um alcácer dos períodos omíada, almorávida e almóada.
Compreende alcáçova formada por castelo de elevação, de planta irregular, ligeiramente trapezoidal, e panos verticais, reforçados por torres quadrangulares nos seus quatro ângulos: a de Menagem, localizada no ângulo norte, de planta quadrada, saliente em relação aos panos da muralha e de altura muito superior às restantes; a Torre Carocha, a sudoeste, e a Torre do Alcaide Pequeno, a sudeste, ambas de planta quadrada; duas torres a ladear a porta principal, a nordeste, uma quadrangular e outra circular; e a Torre do Bastião da Entrada, também de planta quadrada, no extremo norte do castelo.
Das suas edificações intramuros resta apenas a cisterna de planta retangular, com 10 metros de comprimento, por 4,5 metros de largura e 4,2 metros de profundidade, coberta por abóbada de berço apoiada em três arcos torais suportados por pilastras. Comporta ainda parte da cerca muralhada, que envolvia a povoação, e que era rasgada pela porta da Misericórdia, sobre o Guadiana (a única que persiste), a porta da Vila, do lado norte, e pela porta do Buraco sobre a ribeira de Oeiras.
A alcáçova inclui algumas reminiscências da anterior construção mulçumana, como será o caso da dupla porta de entrada em forma de cotovelo, herança do antigo alcácer dos períodos omíada (primeira porta, virada a norte, ladeada por duas torres) e almóada (nova porta, virada a nascente, também ladeada por duas torres), no entanto, é de crer que as soluções formais que permitem a delimitação do seu perímetro e a regularização do seu espaço intramuros datem já do período cristão, nomeadamente do gótico dionisino, o que é constatável nas suas duas torres sul.
A Torre do Alcaide Pequeno erguida sobre forte embasamento escalonado e a Torre Carocha sobre plataforma artificial contrafortada que elevou e regularizou o plano de assentamento, ou na sua imponente Torre de Menagem, edifício de dupla funcionalidade (residencial e militar) erguida em posição saliente, no limite do afloramento para norte e ocidente.