Por: Nelson de Paula.
"Castelo da Lourinhã" - 05/11/2023
No século XVI, D. Manuel I concedeu-lhe Foral Novo no ano de 1512. A memória da existência de um castelo perdura apenas na designação da antiga Igreja Matriz, sob a invocação de Nossa Senhora da Anunciação, também conhecida como Igreja de Santa Maria do Castelo.
De planta longitudinal simples, apresenta volumetria escalonada, sendo a cobertura efetuada por telhados diferenciados a 1, 2 e 5 águas. Na fachada principal escalonada, delimitada por cunhais de cantaria e rematada por empena triangular, acentuada por cornija e cruz ao centro, destaca-se inscrito em ressalto retangular o portal a eixo dotado de 5 arquivoltas sobre colunelos de capitéis historiados com cenas da Bíblia e a encimar rosácea rendilhada.
Articulada à fachada a sul sobressai torre sineira quadrada, com arcos de meio ponto, decorada sensivelmente a meio por friso de modilhões em volutas. O acesso ao interior pode ainda ser feito através de duas portas ogivais, a do lado norte, mais pequena, de aresta chanfrada com carrancas e conchas de vieiras esculpidas e a do lado sul, com caráter mais monumental, inserida em gablete com 3 arquivoltas de arcos quebrados sobre colunas com capitéis decorados com motivos vegetalistas e figuras humanas.
Interior com clerestório, as 3 naves de 4 tramos, cobertas por teto de madeira, são divididas por 8 arcos quebrados chanfrados, sobre colunas monolíticas onde assentam capitéis todos diferentes, de cesto alto e bem proporcionados que revelam grande naturalismo: ou as folhas se autonomizam em relevo do corpo do cesto e formam num segundo plano «crochets» em vez das clássicas volutas, ou no caso das folhas de «nenúfar» os capitéis quase destacados da estrutura, são carnudos e envolventes; os panos dos 4 arcos quebrados e chanfrados abrem-se no eixo das respectivas colunas em pequenas janelas geminadas.
À entrada e esculpida na nave, pia baptismal octogonal com 3 faces viradas para o centro da igreja, decorada com cruzes inscritas em círculos: cruz pátea, pentagrama e cruz latina; junto à porta lateral sul pia de água benta. Nas naves laterais notam-se 2 arcas tumulares pouco trabalhadas. No corpo central encontra-se uma campa armoriada que pertenceu à família Landeiro e que data de 1564.
A capela-mor de topo (a leste) prismática e com abóbada de ogivas de grossas nervuras chanfradas sobre mísulas, é reforçada por 6 contrafortes e apresenta florões, um dos quais armoriado com as armas municipais e com inscrição. Do lado do Evangelho, nicho quadrado emoldurado por torsais com o típico motivo de corda, que serve de sacrário; nos panos de fundo e laterais rasgam-se respectivamente 3 e 1 frestas de 2 lumes. No lado direito da 2ª fresta está gravado na pedra o perfil de D. Lourenço Vicente que olha a cruz de Avis, circundada por 2 circunferências, uma chave e um báculo episcopal.