Por: Nelson de Paula.
"CASTELO DE SORTELHA" - 18/02/2024
O Castelo de Sortelha localiza-se na vila do mesmo nome, município de Sabugal, distrito da Guarda, em Portugal. Erguido sobre um maciço granítico em posição dominante sobre o vale de Riba-Côa, área de passagem entre a Meseta Ibérica e a depressão da Cova da Beira, integra o conjunto da que é considerada uma das mais bem conservadas Aldeias Históricas da Beira Interior.
O Castelo de Sortelha está classificado como Monumento Nacional desde 1910. A primitiva ocupação humana do local remonta à pré-história, possivelmente a um castro Neolítico. Atraídos pela riqueza mineral da região e pela posição estratégica do local, este teria sido sucessivamente ocupado por Romanos, Visigodos e Muçulmanos.
À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, Pena Sortelha, como então era chamada, constituiu-se em defesa da região fronteiriça, disputada entre Portugal e Castela. A partir de 1187, D. Sancho I tomou medidas para repovoar o lugar, e foi o seu neto homónimo, D. Sancho II que concedeu foral à vila (1228), época provável da edificação do castelo. A cerca da vila seria beneficiada por D. Dinis no século XIII que, a partir da assinatura do Tratado de Alcanises (1297), fixou as fronteiras para além das terras de Riba-Côa. No século seguinte, foi erguida uma nova cerca por iniciativa de D. Fernando.
No século XV sabe-se que o alcaide do castelo era Manuel Sardinha, sucedendo-lhe Pêro Zuzarte. Em 1510, D. Manuel I renovou o foral da Vila, mencionando que os seus habitantes não estavam obrigados a dar hospedaria aos grandes e pequenos do reino, se essa fosse a vontade do povo de Sortelha. Esse soberano também iniciou uma campanha de obras no castelo, dentre as quais subsiste a emblemática manuelina sobre a porta.
Em 1522 Garcia Zuzarte tornou-se alcaide-mor. Nesse século ainda, o nobre D. Luís da Silveira, guarda-mor de D. Manuel I e de D. João III (1521-1557), adquiriu o castelo, tornando-se seu alcaide, conferindo-lhe D. João III o título de Conde de Sortelha. Com a Restauração da independência, após 1640, foi iniciada a adaptação da estrutura defensiva às novas técnicas militares, adaptando-a ao fogo da artilharia.
Nesta fase, o Castelo esteve envolvido em diversas operações militares contra forças de Castela em ação na fronteira, o mesmo se repetindo no século XVIII contra o mesmo inimigo e, posteriormente, no início do século XIX, no contexto da Guerra Peninsular, contra as forças francesas de Napoleão. Desguarnecido posteriormente, quando a sede do Conselho foi extinta em 1855 tanto a vila quanto o seu castelo entraram em processo de decadência.