Por: Nelson de Paula.
"CASTELO DE TAVIRA" - 31/03/2024
Sob o reinado de Manuel I de Portugal, a vila recebeu o Foral Novo (1504), elevando-a à categoria de cidade em 16 de Março de 1520, entre outros importantes privilégios. É seu Alcaide-mor à época Vasco Eanes Corte-Real. Em 1573, quando D. Sebastião (1568-1578) visita Tavira, encontram-se em progresso as obras de construção do Forte de Santo António (Forte do Rato), fronteiro à barra do rio Gilão em 1577.
Posteriormente, no contexto da Guerra da Restauração da independência, D. João IV confirma todos os privilégios concedidos a Tavira por seus antecessores, determinando obras de modernização do castelo medieval, reforçando a estrutura e adaptando-o aos tiros da então moderna artilharia. A defesa da povoação será complementada, em 1672, com início da construção da Fortaleza de São João da Barra de Tavira, na Gomeira, fronteira à barra do rio Gilão.
No século XVIII a estrutura do castelo será severamente danificada pelo terremoto de 1755, o que certamente contribuiu para que, nos séculos seguintes o perímetro defensivo da povoação fosse desmantelado em grande extensão. As muralhas do Castelo de Tavira encontram-se classificadas como Monumento Nacional, por Decreto publicado em 16 de Maio de 1939.
As muralhas de Tavira evidenciam diversas etapas construtivas, a mais antiga das quais remontando ao período Almorávida, em fins do século XI ou início do século XII. Embora de difícil identificação, acredita-se que tenha sido integrada por uma alcáçova no ângulo Sudeste e por um recinto amuralhado orientado no sentido Norte-Sul, ambos de modestas dimensões.
Esta estrutura inicial foi reformada no período almóada, quando adquiriu os principais elementos que chegaram até os nossos dias, dos quais sobrevivem restos de muralhas em taipa. Na área da atual praça da República, junto ao edifício do Banco Nacional Ultramarino, foi descoberta uma antiga porta em arco de ferradura, associada, em sua origem, a uma torre defensiva. Na área da atual alcáçova ainda se conserva uma torre albarrã, multifacetada e voltada a sul, destacada das demais estruturas.
A partir da conquista pelos cristãos, uma nova etapa construtiva se sucedeu, conferindo-lhe a planta ovalada ainda hoje identificável, que atingia cerca de cinco hectares, superfície considerável para a época e que atesta a importância da povoação. Nesse período, são de destaque as intervenções realizadas sob os reinados de D. Afonso III e de D. Dinis, acreditando-se que datem deste último os restos identificados nos terrenos da Pensão Castelo, assim como a própria configuração original da Porta de D. Manuel, em arco quebrado ainda em estilo gótico. Na passagem para a Idade Moderna, esta porta veio a tornar-se o principal eixo de passagem entre o interior e o exterior das muralhas, razão pela qual nela se inscrevem as armas deste soberano.