Por: Nelson de Paula.
"CASTELO DE TAVIRA" - 07/04/2024
Para fechar sobre o Castelo de Tavira, hoje falaremos das lendas do Castelo. A primeira é a lenda da moura do Castelo de Tavira. A tradição local afirma que, no castelo, existe uma moura encantada que todos os anos, na noite de São João, aparece a chorar o seu destino. Ela seria a filha de Aben-Fabila, o governador mouro que, quando Tavira foi conquistada pelos cristãos, desapareceu por artes mágicas, depois de encantar a filha. Afirma-se que ele pretendia retornar para reconquistar a cidade e assim resgatar a filha, mas nunca o conseguiu.
Outra lenda relata uma grande paixão de um cavaleiro cristão, D. Ramiro, pela moura encantada. Numa noite de São João, quando o cavaleiro avistou a moura a chorar nas ameias do castelo, impressionou-se tanto pela sua beleza como pela infelicidade da sua condição. Perdidamente enamorado, resolveu escalar os muros do castelo para a desencantar. A tarefa, entretanto, revelou-se difícil, e o cavaleiro demorou tanto a subir que rompeu a alvorada, passando assim a hora de se poder quebrar o encanto. Nesse momento, a moura entrou, em lágrimas, para a nuvem que pairava acima do castelo, enquanto D. Ramiro assistia sem nada poder fazer. A frustração do cavaleiro foi de tal monta que daí em diante ele se empenhou com grande ardor nas lutas contra os mouros, tendo mesmo conquistado um castelo, mas sem outra moura para amar.
A outra é a lenda dos sete cavaleiros. Afirma-se que, durante uma trégua entre cristãos e mouros, seis cavaleiros cristãos foram caçar no sítio das antas, perto de Tavira, vindo a ser assassinados pelos mouros. Os seus nomes eram D. Pedro Pires (comendador da Ordem de Santiago de Castela), Mem do Vale, Durão Vaz, Álvaro Garcia, Estêvão Vaz, Beltrão de Caia e mais um mercador judeu de nome Garcia Roiz. Em represália por essas mortes, configurando o rompimento da trégua, é que os cristãos teriam promovido a conquista de Tavira.
Um outro episódio, também lendário, refere esta primitiva lenda: à época de Afonso IV de Portugal (1325-1357), por volta de 1328, Afonso XI de Castela impôs cerco a Tavira. Num Sábado de madrugada e quando escolhia o melhor sítio para assaltar as muralhas viu sobre a igreja de Santa Maria 7 enormes vultos com bandeiras nas mãos e nelas as armas do apóstolo Santiago. Espantado chamou os conselheiros que lhe disseram ser esses vultos os sete cavaleiros que morreram a quando da conquista de Tavira aos mouros e que eram os guardiões da cidade. O rei ao saber isto e por devoção aos cavaleiros mártires logo retornou para o seu reino sem fazer mal algum em Portugal."