Por: Nelson de Paula.
"CASTELO DE LANHOSO" - 21/04/2024
Datará do final do século XII e o início do século XIII a reforma do castelo, com a construção da torre de menagem. O castelo era então o que se chamava de cabeça de terra, o que traduz a sua importância regional. Nesse contexto, no século XIII, o castelo foi palco de um terrível crime passional.
O seu alcaide, D. Rui Gonçalves de Pereira, tetravô do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, que se encontrava fora do castelo, ao se inteirar da infidelidade conjugal de sua esposa, Inês Sanches, enamorada de um frade do mosteiro de Bouro, retornou e, fechando-lhe as portas, ordenou que se incendiasse a alcáçova, provocando com isso a morte da infiel e seu amante, bem como dos serviçais, que implicou como cúmplices por não terem denunciado o fato. Os antigos relatos referem que ninguém escapou com vida do incêndio, sequer os animais domésticos.
Posteriormente, em 1264, o alcaide D. Godinho Fafez, bisneto de Fafez Luz, senhor dos domínios de Lanhoso à época de D. Afonso Henriques, nomeou como seu sucessor Mem Curvo. Ao final do século, já sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), este soberano concedeu foral à vila de Póvoa de Lanhoso (25 de Setembro de 1292), renovado sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521) em 4 de Janeiro de 1514.
Com o início da Idade Moderna, consolidadas as fronteiras do reino, o castelo perdeu progressivamente a sua importância estratégica, vindo a conhecer o abandono e a ruína. Esse processo seria acentuado a partir do final do século XVII, quando André da Silva Machado, um comerciante abastado do Porto decidiu erguer uma réplica do Santuário do Bom Jesus de Braga.
Para esse fim, obteve autorização para demolir o antigo castelo e reaproveitar a pedra para edificar um santuário sob a invocação de Nossa Senhora do Pilar (1680). Iniciou-se assim o desmonte de parte da barbacã e das muralhas, edificando-se no interior do recinto uma igreja, a escadaria e as capelas de peregrinação: o Santuário de Nossa Senhora do Pilar.
As obras do santuário prosseguiam ainda em 1724, ao passo que Pedro Craesbeeck ("Memórias Ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho no ano de 1726") descreve o estado de ruína do castelo, visão corroborada pelo reitor Paulo Antunes Alonso ("Memórias Paroquiais de 1758"), ao referir que dele restava apenas a Torre de Menagem, cujo cunhal sudoeste se apresentava danificado pela queda de um raio.