Por: Nelson de Paula.
"CASTELO DE MELGAÇO" - 05/05/2024
O Castelo de Melgaço localiza-se na freguesia de Vila (atualmente União das Freguesias de Vila e Roussas), município de Melgaço, distrito de Viana do Castelo, em Portugal. Principal defesa raiana do Alto Minho no século XII, constitui-se na sentinela mais setentrional de Portugal, no trecho onde o rio Minho inicia a sua função fronteiriça, vigiando a travessia para a Galiza. O Castelo de Melgaço está classificado como Monumento Nacional desde 1910. Não foram identificadas informações acerca da primitiva ocupação humana deste local.
A construção do castelo remonta a 1170, por determinação de D. Afonso Henriques . O primeiro documento, entretanto, a referir a povoação é a Carta de Foral que lhe foi passada pelo soberano em 1183 (e não 1181 como tem sido repetido em função de erro de transcrição), garantindo aos seus habitantes (por solicitação dos próprios) privilégios semelhantes aos que gozava o feudo galego de Ribadavia.
A partir de então, a vila fronteiriça progrediu com rapidez, de tal forma que o primitivo castelo estaria concluído já no início do século XIII, dividindo-se os autores entre os anos de 1205 e de 1212, ano em que, juntamente com outras praças vizinhas, fez frente à invasão das forças do reino de Leão no contexto da disputa entre D. Afonso II e suas irmãs. Contribuíram para esta campanha construtiva, além dos próprios habitantes e do apoio real, os recursos do Mosteiro de Longos Vales, em Monção, e do Mosteiro de Fiães, em Melgaço.
O seu filho e sucessor, D. Sancho II deixou a cargo do Concelho a nomeação do alcaide, privilégio que, D. Afonso III , ao conceder à vila, em 1258, um segundo foral, reivindicou novamente para a Coroa. A construção da cerca da vila, iniciada em 1245 e cujo troço oeste foi concluído em 1263, inscreveu-se numa grande campanha de obras empreendida por este soberano, que atualizou as defesas do castelo, uma vez mais com o apoio do Mosteiro de Fiães.
A placa epigráfica no portão principal, assinalando este último ano, registra as identidades do responsável pelos trabalhos, o alcaide Martinho Gonçalves, e o seu arquiteto, Fernando, Mestre de Pedraria. Em 1361 o trânsito entre Portugal e a Galiza deveria ser feito, obrigatoriamente, por Melgaço, dado revelador da sua importância, à época.
No contexto da crise de 1383-1385, a vila e seu castelo seguiram a tendência do norte de Portugal, mantendo o partido de D. Beatriz de Portugal e de João I de Castela . No início de 1387, governados por Álvaro Pais Sotto-Maior, um alcaide castelhano, sofreram o assédio das tropas portuguesas sob o comando de D. João I , vindo a cair ao fim de uma denodada resistência de quase dois meses. Fruto desse cerco surgiu a lenda local da heroína minhota Inês Negra, uma brava mulher do povo que se juntou às tropas de D. João I contra os apoiantes de Castela.