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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"CASTELO DE MELGAÇO" - 12/05/2024

Em 1492, durante os últimos anos de reinado de D. João II e ainda antes da Inquisição portuguesa se instalar no país, Melgaço era um dos cinco únicos lugares da fronteira portuguesa facultados para ingresso dos judeus sefarditas em fuga ou expulsos pela Inquisição espanhola. Anos mais tarde, já sob o reinado de D. Manuel, as defesas da vila e seu castelo foram também retratadas e figuradas por Duarte de Armas no Livro das Fortalezas, sendo integradas as três torres e as duas portas do castelo.

No século XVII, no contexto da Guerra da Restauração da independência portuguesa, as defesas da vila sofreram obras de adaptação aos avanços da artilharia, recebendo linhas abaluartadas que envolveram o recinto medieval. Encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de junho de 1910, tendo a muralha da vila sido classificada do mesmo modo, com publicação em 19 de Fevereiro de 1926.

A intervenção do poder público, entretanto, só veio a se fazer sentir na década de 1960, mantendo as características construtivas do conjunto. Recentemente, com o desenvolvimento de projetos de valorização do núcleo histórico da vila, a torre de menagem do castelo foi requalificada como núcleo museológico, expondo os testemunhos obtidos pela pesquisa arqueológica.

O castelo apresenta planta no formato circular, pouco vulgar no país, dividido em três recintos. As muralhas, onde se rasgam duas portas, são encimadas por ameias prismáticas e reforçadas por três torres, sendo a principal a que se encontra voltada para o núcleo urbano, de seção pentagonal. O conjunto é dominado pela torre de menagem.

A torre de menagem apresenta planta de formato quadrangular, isolada ao centro do pátio de armas. Tanto ela quanto a muralha circundante, foram integralmente reconstruídas, depreendendo-se a sua característica românica apenas pelo desenho deste conjunto: uma sólida torre quadrada isolada no centro do recinto muralhado. A torre divide-se internamente em três pavimentos, iluminados por algumas frestas. O coroamento é feito por um remate em balcão com ameias, hoje requalificado como miradouro do museu arqueológico estabelecido nas dependências da torre.

Com relação às portas, são duas: o portão principal, a oeste, de maiores dimensões, acede a praça de armas, na qual se abre uma cisterna, onde se localizaria a alcaidaria; e a porta da traição, a norte, de menores dimensões. Subsistem parte da barbacã diante da porta principal, e as torres que a flanqueavam uma das portas da cerca. Graças às recentes pesquisas arqueológicas, que colocaram a descoberto trechos expressivos da cerca gótica, podemos hoje fazer ideia do seu traçado original.