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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"CASTELO DE SÃO JORGE" - 09/06/2024

Integrante dos domínios da taifa de Badajoz, no alvorecer do século XII, diante da ameaça representada pelas forças de Yusuf ibn Tashfin, que, oriundas do Norte de África, haviam passado à península visando a conquista e reunificação dos domínios Almorávidas, o governante de Badajoz, Mutawaquil, entregou-a, juntamente com Santarém e Sintra, na Primavera de 1093, a Afonso VI de Leão e Castela, visando uma aliança defensiva que não se sustentou.

Envolvido com a defesa dos seus próprios territórios, o soberano cristão não foi capaz de assistir o governante mouro, cujos territórios vieram a cair, no ano seguinte, diante dos invasores. Desse modo, Lisboa, Santarém e Sintra permaneceriam domínios muçulmanos, agora sob os Almorávidas.

No contexto da Reconquista cristã da península Ibérica, após a conquista de Santarém, as forças de Afonso I de Portugal (1143-1185), com o auxílio de cruzados normandos, flamengos, alemães e ingleses que se dirigiam à Terra Santa, investiu contra esta fortificação muçulmana, que capitulou após um duro cerco de três meses (1147), como narrado no manuscrito "De expugnatione Lyxbonensi", carta escrita por um cruzado inglês que tomou parte na conquista.

Uma lenda surgida mais tarde reza que o cavaleiro Martim Moniz, que se destacara durante o cerco, ao perceber uma das portas do castelo entreaberta, sacrificou a própria vida ao interpor o próprio corpo no vão, impedindo o seu encerramento pelos mouros e permitindo o acesso e a vitória dos companheiros.

Como preito de gratidão, o castelo, agora cristão, foi colocado sob a invocação do mártir São Jorge, a quem muitos cruzados dedicavam devoção. No dia da conquista, 25 de outubro, comemora-se hoje o "Dia do Exército", instituição que, no país, tem São Jorge como padroeiro. Poucas décadas mais tarde, entre 1179 e 1183, o castelo resistiu com sucesso às forças muçulmanas que assolaram a região entre Lisboa e Santarém.

A partir do século XIII, alçando-se Lisboa a capital do reino (1255), o castelo conheceu o seu apogeu: Afonso III de Portugal (1248-1279) promoveu-lhe obras de reparação no palácio ou casa de habitação do governador, e seu sucessor, Dinis I de Portugal (1279-1325) transformou a antiga alcáçova mourisca em Paço Real – o Paço da Alcáçova (1300). Nesse período, os terremotos que afetaram a cidade em 1290, 1344 e 1356, causaram-lhe danos.