Por: Nelson de Paula.
"CASTELO DE SÃO JORGE" - 16/06/2024
Sob o reinado de Fernando I de Portugal, no contexto das chamadas Guerras Fernandinas, esteve mobilizado diante do cerco castelhano de fevereiro e março de 1373, quando os arrabaldes da capital chegaram a ser saqueados e incendiados. Naquele ano deu-se início à nova cerca da cidade, a chamada “Cerca Nova” ou “Muralha Fernandina”, concluída dois anos mais tarde, e que se prolongava até a atual Baixa. Nesta obra trabalharam os mestres João Fernandes e Vasco Brás.
Na 3.ª guerra Fernandina os arrabaldes da cidade foram novamente alvo das investidas castelhanas (em março de 1382). Acredita-se que a partir deste reinado, e até o de Manuel I de Portugal, a chamada Torre de Ulisses tenha sido utilizada para guardar os documentos antigos.
No decurso da crise de sucessão de 1383-1385, Lisboa foi duramente assediada pelas forças de João I de Castela. João I de Portugal promoveu o atulhamento do antigo fosso, e colocou o castelo sob a invocação de São Jorge, de quem era devoto, e que alçou à categoria de padroeiro do reino, em substituição a Santiago Maior.
Sob Afonso V de Portugal tem lugar obras de remodelação no castelo. Gil Pires foi nomeado carpinteiro das obras do castelo (9 de dezembro de 1448), com o ordenado de 400 reais brancos, sucedendo a Afonso Esteves. Em 1 de setembro de 1485 foi nomeado mestre de pedraria dos paços Fernão da Ribeira.
Nestas funções de Paço Real, no reinado de Manuel I de Portugal o castelo foi palco da recepção a Vasco da Gama, após a descoberta do caminho marítimo para a Índia, no final do século XV, e da estreia, em 1502, do “Monólogo do Vaqueiro”, de Gil Vicente, primeira peça de teatro português, comemorativa do nascimento do futuro João III de Portugal.
Neste ano (1502), a Corte foi transferida para o chamado “Paço da Ribeira”, passando as dependências do castelo a ser utilizadas como aquartelamento de tropas. Nesse período teve lugar avaliação das obras das muralhas pelos pedreiros Afonso Rodrigues e João Afonso (1509) e, posteriormente, diante da derrocada da Porta da Cruz, foi procedida a sua medição por Pedro Luís (31 de maio de 1519).
O terremoto de 1531 causou alguma ruína no Paço da Alcáçova. O castelo voltaria a sofrer com os terremotos de 1551, 1597 e 1699. Sebastião I de Portugal determinou a reedificação do Paço, então votado ao abandono, para aí estabelecer a sua residência. O arquiteto militar Filippo Terzi emitiu um parecer sobre a obra de demolição de uma torre da cerca, existente junto à fachada principal da Igreja do Loreto (1577). No contexto da Dinastia Filipina (1580-1640) o castelo voltou a ser utilizado como aquartelamento, e agora também como prisão.